No final de 1974 o acervo fotográfico de SP foi transferido para o recém inaugurado MIS, na avenida Europa. Ao se mexer nos arquivos, descobriu-se, ao acaso, um tesouro, fotos de 1862, da cidade de SP, tiradas por Militão Augusto de Azevedo. E mais, fotos da década de 1890, de Valério Vieira. Editou-se um livro em 1975 com esse material. Trinta e cinco anos mais tarde, em 2010, o livro é reeditado.
Lindo, bem feito, ele traz além das fotos, pequenos textos que comentam a cidade. Lemos uma deliciosa descrição de SP por Castro Alves. O poeta fala que a cidade, fria, úmida, escura, é uma Heildelberg misturada a Andaluzia. Um acidente hediondo. O mesmo diz Alvares de Azevedo. Reclama do frio, do céu sempre cinza e do tédio, o tédio paulista.
Depois lemos reclamações de sua feiúra, das calçadas ( já em 1900!!! ), das casas feias, da vocação para o triste e o cabisbaixo.
Fotos dos emigrantes. Não há como não sentir pena daqueles italianos e japoneses sem esperança. Sim, desesperançados, pois eles chegavam sem grandes planos e sem grandes chances. E logo eram pegos por malandros e agenciadores. Viravam escravos, nada mais que isso.
Fotos das guerras de 24 e de 30. Barricadas, fachadas metralhadas, mortos. Textos sobre o crescimento. Em 1930 já se reclama do fim das praças, da derrubada de árvores, da fumaça fedida.
Na avenida Paulista, uma guerra de socos entre uma multidão de comunas e uma tropa de integralistas. E fotos, lindas, de familias ricas. A mais bela é a de meninas e meninos tocando piano e cordas numa sala chic. Paulista? Higienópolis? Não tem o endereço.
Tivesse sido planejado e hoje teríamos uma cidade melhor que Buenos Aires ou Chicago. Mas em 1920 um autor reclamava que se abriam ruas sem se pensar onde elas iriam dar. O mapa da cidade se fazia torto, derrubavam-se palácios e igrejas, abriam avenidas, atolavam rios.
Fotos de moças jogando tênis no Paulistano. Em 1919. E moços ricos fazendo pic-nic as margens do Tietê. Dezenas de barcos passando pelas águas. Era o ano novo de 1921.
Nas últimas fotos, de Rosenthal, década de 40, a cidade já se parece com aquilo que é agora. O centro tomado pela sombra de prédios feios. O trânsito sendo a única prioridade desde sempre.
Este foi um dos livros que comprei na ótima Festa dos Livros da USP. Paguei menos da metade de seu preço. Vale ouro. Uma beleza.
Lindo, bem feito, ele traz além das fotos, pequenos textos que comentam a cidade. Lemos uma deliciosa descrição de SP por Castro Alves. O poeta fala que a cidade, fria, úmida, escura, é uma Heildelberg misturada a Andaluzia. Um acidente hediondo. O mesmo diz Alvares de Azevedo. Reclama do frio, do céu sempre cinza e do tédio, o tédio paulista.
Depois lemos reclamações de sua feiúra, das calçadas ( já em 1900!!! ), das casas feias, da vocação para o triste e o cabisbaixo.
Fotos dos emigrantes. Não há como não sentir pena daqueles italianos e japoneses sem esperança. Sim, desesperançados, pois eles chegavam sem grandes planos e sem grandes chances. E logo eram pegos por malandros e agenciadores. Viravam escravos, nada mais que isso.
Fotos das guerras de 24 e de 30. Barricadas, fachadas metralhadas, mortos. Textos sobre o crescimento. Em 1930 já se reclama do fim das praças, da derrubada de árvores, da fumaça fedida.
Na avenida Paulista, uma guerra de socos entre uma multidão de comunas e uma tropa de integralistas. E fotos, lindas, de familias ricas. A mais bela é a de meninas e meninos tocando piano e cordas numa sala chic. Paulista? Higienópolis? Não tem o endereço.
Tivesse sido planejado e hoje teríamos uma cidade melhor que Buenos Aires ou Chicago. Mas em 1920 um autor reclamava que se abriam ruas sem se pensar onde elas iriam dar. O mapa da cidade se fazia torto, derrubavam-se palácios e igrejas, abriam avenidas, atolavam rios.
Fotos de moças jogando tênis no Paulistano. Em 1919. E moços ricos fazendo pic-nic as margens do Tietê. Dezenas de barcos passando pelas águas. Era o ano novo de 1921.
Nas últimas fotos, de Rosenthal, década de 40, a cidade já se parece com aquilo que é agora. O centro tomado pela sombra de prédios feios. O trânsito sendo a única prioridade desde sempre.
Este foi um dos livros que comprei na ótima Festa dos Livros da USP. Paguei menos da metade de seu preço. Vale ouro. Uma beleza.