PAPER MOON- PETER BOGDANOVICH, UMA CARTA DE AGRADECIMENTO.

   Caro Peter,
    Escrevo para agradecer pelo presente. Eu não merecia algo tão especial. E tudo que posso dar em troca é minha gratidão. Voce sabe o quanto seu filme é bom?
    Primeiro temos a história. Um malandro se vê obrigado a tomar conta de uma garotinha. Ela talvez seja filha dele. E o que voce nos dá é um road movie passado em 1935, filmado na grande época do cinema jovem americano, 1973. Ah Peter! Ano de American Graffiti, Mean Streets, O Exorcista e Golpe de Mestre. Serpico, Louca Escapada e O Dorminhoco. Banzé no Oeste! Voltando....Peter, voce sabia que todo mundo se apaixona pela menina? Que Tatum mereceu o Oscar ganho aos 9 anos de idade? Ela, enfezada, mal humorada e muito malandra, tem um olhar e uma voz rouca que conquistam. É inesquecível o modo como ela ri ! Mas Ryan, que é o pai dela na vida real, faz um malandro digno de Paul Newman. O golpe do troco e aquele da Biblia.... é incrível !
   Laszlo Kovacs fez uma fotografia em P/B do cacete! Tudo em foco todo o tempo. A gente vê todo o set. Bons tempos de cenários de verdade. O cenografista tinha orgulho em exibir seu trabalho. No caso é sua esposa, Polly Platt. Aliás me permita dizer, porque voce a trocou pela Cybill Shepperd? Ela acabou com sua carreira! Voce começou a fazer filmes para Cybill e nenhum deu certo!
   Well... Quero dizer que voce é um mestre do cinema. E nos extras do dvd voce dá uma bela dica: Filmes com muitos cortes deixam o espectador FORA do filme. Ele joga o público para fora da ação. Cenas sem cortes fazem com que a pessoa se acomode DENTRO da cena. Ela penetra o filme e é apresentada a ação. Pois bem, seu filme tem cenas sem cortes longas, cenas em que a câmera voa, flutua pelo set. E o fantástico é que eu não percebi isso enquanto via o filme. Ou seja, mágica cinematográfica! Cenas em cortes que não se percebe. O anti-exibicionismo.
   Peter, voce conseguiu fazer uma comédia que nunca é grossa, nunca apela, e que sempre parece de verdade. Um filme que é bonito e ao mesmo tempo é simples. E como era regra em 1973, um filme alegre e triste em doses iguais. Voce e sua geração cresceram estudando os grandes europeus. Dá pra notar no filme. Ele é amargo sem ser apelativo e alegre sem ser infantil. É lindo.
   Peter, porque não se fazem mais filmes assim?
   Do seu fã....Tony Roxy.
   PS: Volte a dirigir!