Fernando Pessoa gostava de Sherlock Holmes. E até escreveu um conto, incompleto, ao estilo Conan Doyle. Alestair Crowley era um "mago". Raul Seixas e Mr.Coelho eram fãs dele. Pessoa o conheceu via carta. Crowley vivia fugindo dos credores Europa afora. Se convidou para ir à Portugal. E o poeta se viu na obrigação de o receber. Crowley deu um calote nos hotéis e restaurantes portugueses. E inventou sua morte. Forma de parar de ser perseguido. Fernando Pessoa adorou a ideia. Bolou a morte e passou a escrever aos jornais testemunhando a morte de Crowley. Usando nomes falsos, claro.
Uma vez dois poetas marcaram encontro com Pessoa. Ele foi. Como Caieiro. Os dois poetas mais jovens se ofenderam. E foram embora. Não souberam brincar.
Fernando amava Ofélia. E escrevia toneladas de cartas pra ela.
Ele trabalhava apenas duas horas. Por semana! Escolheu ser pobre para ter tempo livre.
Ao visitar os sobrinhos ele se jogava no chão e passava toda a tarde a brincar com eles. As crianças amavam Fernando Pessoa.
Combina tudo isso com a imagem que temos dele?
Quando o poeta morreu foi escrita sua biografia. E o autor, fã do Freud de 1930, forçou sua transformação num tipo de Baudelaire lusitano. O poeta bêbado flanando pela Lisboa misteriosa. Esse bio nada entendeu. Cometeu um crime. Jogou complexos de Édipo, homossexualidade reprimida, instintos destrutivos, num homem que não conheceu e não procurou conhecer. Leu os poemas como se fossem verdade. Como se a arte fosse um diário, um testemunho de vida. Na verdade esse senhor, representante da reprimida e séria geração mais jovem, transformou Pessoa naquilo que ele mesmo era: uma besta.
Fernando Pessoa feliz. Mentiroso sempre. Brincalhão. Passando trotes nos amigos. Fugindo de contatos intimos para ser livre e poder escrever. Sonhando com livros imensos, em edição de luxo. Adiando a publicação de sua obra por ver nela algo sempre em construção. Fernando Pessoa que antecipou o perfil fake do face. Que iria aprontar muito na internet. Ator e autor de si mesmo.
Certas aulas são para sempre.
Uma vez dois poetas marcaram encontro com Pessoa. Ele foi. Como Caieiro. Os dois poetas mais jovens se ofenderam. E foram embora. Não souberam brincar.
Fernando amava Ofélia. E escrevia toneladas de cartas pra ela.
Ele trabalhava apenas duas horas. Por semana! Escolheu ser pobre para ter tempo livre.
Ao visitar os sobrinhos ele se jogava no chão e passava toda a tarde a brincar com eles. As crianças amavam Fernando Pessoa.
Combina tudo isso com a imagem que temos dele?
Quando o poeta morreu foi escrita sua biografia. E o autor, fã do Freud de 1930, forçou sua transformação num tipo de Baudelaire lusitano. O poeta bêbado flanando pela Lisboa misteriosa. Esse bio nada entendeu. Cometeu um crime. Jogou complexos de Édipo, homossexualidade reprimida, instintos destrutivos, num homem que não conheceu e não procurou conhecer. Leu os poemas como se fossem verdade. Como se a arte fosse um diário, um testemunho de vida. Na verdade esse senhor, representante da reprimida e séria geração mais jovem, transformou Pessoa naquilo que ele mesmo era: uma besta.
Fernando Pessoa feliz. Mentiroso sempre. Brincalhão. Passando trotes nos amigos. Fugindo de contatos intimos para ser livre e poder escrever. Sonhando com livros imensos, em edição de luxo. Adiando a publicação de sua obra por ver nela algo sempre em construção. Fernando Pessoa que antecipou o perfil fake do face. Que iria aprontar muito na internet. Ator e autor de si mesmo.
Certas aulas são para sempre.