BAUHAUS E SHOPPING CENTER

   No SESC Pinheiros tem exposição da BAUHAUS. Quando Gropius e seus amigos criaram a coisa no início do século XX tinham otimismo na alma e criação a espalhar pelo mundo. Uma usina de design, coisa hoje tão vulgarizada. Livraram as casas de paninhos, tapetões, veludos, mil cortinas, arabescos. Mataram o lar vitoriano, tipo de decoração que insiste em renascer. Erraram na sua fixação pelo concreto armado, mas seus tubos de aço, vidro, muito branco e espaços livres são must até hoje. E ainda agregarm em seu time Kadinsky, Klee e Mondrian, os mais elegantes artistas plásticos da época ( de todas as épocas? ).
   Indo a um Shopping após a exposição tive uma ideia.
   O homem tem uma ansiedade por beleza. Não cabe aqui dizer porque ( tenho uma tese ), mas ele, em toda a história, sempre esteve procurando viver, produzir, idealizar coisas belas. Coisas que lhe dessem a sensação de equilíbrio, harmonia e direção. Claro que não estou falando do sublime, passo seguinte a beleza, falo do belo cotidiano. Vejam, em nosso mundo o belo simples, livre, do dia a dia nos foi roubado. Essa beleza, consciente a todo homem, havia nas flores da primavera, nos pássaros, no sol se pondo, nos rios, nas colinas. Depois foi produzido em festas populares, nas catedrais, nos monumentos e nas praças das cidades. Dificil encontrar essa belezas em SP. Well.... Cruzo uma menina no Shopping e vejo seu olhar brilhar na vitrine de uma loja de sapatos. Beleza! O belo!!! Um relógio é belo. Assim como um paletó bem cortado, um sofá ou uma jóia. Um carro tem beleza. São nossos sóis se pondo.
   Encontrávamos essa beleza perdida também no cinema, mas ele se recusa a ser belo. Um filme bonito é o pior dos pecados para os inteligentinhos. Assim como não mais se pode fazer música meramente bela. A beleza fica reduzida a produtos, a objetos de desejo, a aço e plástico que brilha em harmonia, que parece calmo, correto e com sentido.
   Se a natureza foi exilada e as ruas nada mais têm de idilico, o que nos resta a apreciar são as vitrines que exibem a fina construção da beleza.