MAIGRET EM NOVA IORQUE- GEORGES SIMENON

   É meu quarto livro sobre o inspetor Maigret. Simenon, autor popular que foi resgatado por autores ditos sérios, escrevia muito. Era capaz de fazer um livro em quinze dias. Alguns mais ambiciosos, outros não. Irônicamente os livros mais leves são aqueles que sobreviveram. 
   Livros policiais são maravilhosos. E muito dificeis de se escrever. Chandler, Thompson, Hammett, Cain, e os europeus Leblanc, Christie...dá até pra botar Poe e Chesterton no bolo. E nos anos 40/50, Simenon. O que nos seduz em seus livros é a mesma coisa que nos de Conan Doyle, a habilidade em criar ambiente. Lemos e vemos, sentimos aquilo que Maigret vê. O autor nos pega e nos leva a bares, ruas e hotéis, ao porto de New York, aos escritórios suspeitos. A trama, o mistério são secundários. Aqui, como em todo livro policial, o que ressalta é o clima. Por isso o cinema ama tanto esse tipo de literatura. Questão de décor, de movimento, de luz e de sombra.
   O caso, como em todo livro de Maigret, é intrincado e ao mesmo tempo simples. Ele parece complicado, é óbvio. E o óbvio sempre é o mais dificil de se perceber. Sim, muitos já disseram que Simenon foi um autor existencialista. Ora, os existencialistas foram hiper afetados pelos livros policiais! O herói vagando sem familia e sem lar, sem raiz e sem futuro pelas ruas escuras da cidade grande É Sempre um existencialista. Tão existencialista que ele faz, nunca escreve. Ele existe. Até hoje.
   Delicia!