PORQUE O PÂNICO É TÃO RUIM? DADI É MEU MOMENTO FELIZ.

   Quem desejar saber o que é o Brasil hoje que assista o Pânico. O programa exemplifica a perfeição os dois tipos de humor que existem: o humor alegre e revigorante e o humor maldoso e triste. As pessoas assistem o programa na esperança de rir. Algumas riem, nenhuma sente alegria. Nada nele é feito com leveza, com felicidade, com prazer. O riso, quando vem, é aquele riso que diz: "Que bosta que essa gente idiota é! Ainda bem QUE EU NÃO SOU ASSIM!". Eles são incapazes de uma cena de humor em que alguém não seja ridicularizado. São tão tristes que confundem rir com humilhar. A alegria passa longe daqueles caras.
   Isso se explicita no modo como eles tratam "as gostosas". As "grandes ideias" são sempre as mesmas, mostrar como elas são imbecis. Com certeza na adolescência eles foram muito desprezados pelas gostosas da classe. É um pseudo-humor vingativo. Triste portanto. E nada lá é mais triste que o rosto maquiado e sempre emburrado de um sujeito de barbinha cujo nome esqueci. Azedo, maldoso, infeliz, é o cara que "bola" as maldades estúpidas contra um gordinho bobo alegre e as gostosas "idiotas". Humor? Não, infelicidade vingativa.
   Humor do bom ( sim, sou moralista! A moral é o que nos salva queridões ), é sempre feliz. É o momento em que o humorista se expõe e diz ao mundo: "Sim, eu sou assim, mas estamos todos no mesmo barco!" No Pânico a frase é: "Voces são assim, eu sou mais esperto que todos voces seus trouxas!" Nada mais Brasil-Brasilia que isso. O riso do Pânico é a zombaria de um senador corrupto e impune.
   Saindo do inferno.... Dadi esteve na Cultura. Naquele programa que entrevista gente no escuro. Ensaio. Quem é Dadi? Dadi é feliz, Dadi é alegre, brasileiradamente alegre. Por toda a minha vida tenho o acompanhado e ele nunca envelhece. Começou a tocar em 1971, num dos melhores discos da história do mundo, ACABOU CHORARE, dos Novos Baianos, o mais feliz dos discos. Contrabaixista, foi morar com a troupe lá no sitio dos caras. A vida deles era futebol de manhã e música de tarde. Depois ele foi tocar com Jorge Ben. Ou seja, saiu da alegria e foi para a felicidade. Linhas de baixo insinuantes. Conheci Dadi quando ele foi em 1979 para a Cor do Som. Da felicidade para a leveza pura. Ele já devia ter 30 anos, mas parecia ter 15. A Cor Do Som foi um big big big sucesso. Principalmente entre o pessoal da escadaria do Objetivo e da praia do Arpoador. Tenho seus discos. Todas as faixas falam de alegria. Cores, visuais, gatas e viagens astrais. Hippies? Talvez. Mas do tipo A, os felizes. Meio Lebowski.
   Era um Brasil que prometia. Tropical e livre, parecia que íamos ser exmplares. Um Tahiti gigante, um Hawaii aqui. Mal sabíamos que enquanto nos sentíamos felizes a coisa era combinada. Desandou. Nos anos 80 a coisa foi ficando cada vez mais mal humorada. Deu no Pânico.
   Toda geração tem seu momento Copacabana. A hora em que tudo parece "lindo leve e solto". A minha foi entre 1978/1983. Quer dizer, eu espero que todos tenham tido esse momento. Quem não viveu seu ano, ou anos, bossa-nova-tudo-lindo, que vá pedir emprego no Pânico. Com certeza seu sonho é se vingar do meu sorriso. Eu era aquele cabeludo que sorria nas escadarias do Objetivo. E voce era o ressentido que zombava da minha alegria.