AINDA DÁ PRA LER JORNAL? CADA VEZ MAIS, NÃO.

   Se voce quer saber o nome de quem escreveu o troço já aviso: Não me lembro. É algum desses caras que andam escrevendo em jornais. Que que tá acontecendo? A coisa tá indo ladeira abaixo e não diminui a velocidade de queda! Tem aumentado!
   O texto, óbvio, confuso, sem sal, bobo, burrinho até, fala das maravilhas contemporâneas. De como a internet abriu um admirável mundo novo para as artes. Mundo vasto e complexo que a crítica não consegue acompanhar. Well...vamos por partes. E vamos tentar ser menos tweetuosos.
   Ele começa dizendo que no youtube tem um monte de gente que elogia e ama o Ursinho Blau Blau. Com isso ele quer dizer que o tempo e a saudade aumenta o valor das coisas. Que engano cara! O povo que elogia Radio Taxi e Gilliard no Tube É O MESMO que em priscas eras comprou seus discos. Qual a surpresa? O tempo não melhora um disco, o tempo, para certas pessoas, nada muda. Elas continuam vendo, seja na TV, no Tube ou num palco, as mesmas coisas de sempre. Barão Vermelho e Renato Russo. Eu particularmente detesto os anos 80. É a década que criou tudo aquilo que hoje chamo de lixo. Começou com MPB melada, New Wave falsa e Metal farofa, depois nos trouxe muito rock deprê, pseudo-gênios e terminou com lambada e sertanejo moderno. O cinema dos 80 não é muito diferente disso.
   O texto continua em suas babosas asnices. Fala que o cinema do passado é melhor porque só se preservou o que tem valor. Ora ora ora...óbvio né? O melhor fica, o muito ruim também fica como coisa brega-chic, o médio desaparece. Dessa forma temos do passado Lubistch e Lang, mas também Ed Wood e Abbot e Costello. Aliás vou me contradizer! Com o dvd TUDO do passado foi revivido. Até as insuportáveis séries de cinema ( Zorro, Mandrake, Flash Gordon ) e os westerns classe Z. Se certas épocas do passado parecem melhores isso se deve ao fato de que elas foram realmente melhores. Basta se olhar a lista dos indicados ao Oscar ou os ganhadores de Cannes e Berlim. O fato é que Humphrey Bogart virou um nome Para Sempre e William Hurt ou Eddie Murphy não. O texto é burro por botar tudo no mesmo saco. Como se as coisas por serem antigas tivessem sempre uma FALSA AURA DE VALOR. Blá!!! Quando moleque eu odiava os filmes de Elvis e hoje gosto ainda menos. Eu não engolia Jeannie é Um Gênio ou Star Trek, e continuo os evitando. Desenhos da Hanna-Barbera eram um saco, hoje gosto só de Jonny Quest. Tenho saudades dos anos 70, mas ninguém é idiota ou masoquista. Gonzaguinha e Ivan Lins continuam sendo chatos e Led Zeppelin mais Secos e Molhados serão o que são para sempre. O cara do texto imagina que no Tube elogiam Kid Abelha só porque Paula Toller é do passado. Não, elogiam os Kid aqueles que em 1985 já gostavam deles. Pra mim são o que sempre foram, banais.
    Mas o texto piora ao falar da internet. Da revolução nas artes causada pelo mundo virtual, revolução que a crítica não acompanha. Revolução há, sem dúvida. Mas ele não percebe que é uma revolução de suporte e não de conteúdo. A internet traz a possibilidade de TODOS fazerem arte e de um cara como eu BRINCAR de crítico. Mas o conteúdo, infelizmente, não tem se modificado. A música é a mesma da época da TV e o cinema continua vinculado a grandes produções ou a prêmios em festivais de arte. O que a internet fez foi baratear a produção. Os filmes, em sua maioria, têm uma fotografia mais simples e as bandas podem gravar a vontade. Só na minha escola existem oito bandas de rock. A questão é: o conteúdo é novo? Bandas hoje são como grupos de baile, vivem em função de shows em festivais. Todas são como covers de algum momento do passado. Os shows são bons para se divertir, mas ninguém liga muito para os discos. O que traz a tona a mais perversa das consequências da internet: a trágica comparação.
    Montes de alunos roqueiros começam ouvindo bandas de hoje. Falo porque vi. Aos 12 anos ouvem bandas atuais e aos 16 começam a descobrir Led Zeppelin e Beatles e então piram. O leque se abre e logo estão vidrados em Kinks ou Lou Reed. Passam a ouvir só velharias e começam a falar que "bom eram os anos 60". Bandas novas só em shows. É perverso porque as bandas novas, com sua carreira de apenas um ou dois discos, não têm como concorrer com os 50 discos de Dylan ou os 40 de Neil Young. A internet dá a um moleque curioso de 12 anos o que eu nem sonhava quando adolescente: acesso a toda a história do rock. Assim como a toda a história do cinema. O suporte é ilimitado, o conteúdo tende a ser passadista.
    Por fim pergunto a voce: Quantos novos artistas voce descobriu na internet? Na tv fechada voce vê o que? Sinfonias modernas? Documentários relevantes? Filmes desconhecidos? Ou séries de tv e esportes? Onde a tal revolução da arte?