Estava conversando com uma amiga e falávamos que amadurecer é como se despir. Voce vai jogando um monte de coisas fora. Vai vendo o que é supérfluo e se descartando. Por voce ter menos tempo diante de si, vai diminuindo a bagagem.
É engraçado lembrar que eu fui um dia doido por astrologia. Eu sabia o signo e ascendente de todo mundo que eu conhecia! Não falo hoje que astrologia é picaretagem. No mínimo ela é um belo saber intuitivo sobre os tipos de personalidade que são protagonistas deste nosso mundo. Mas é um assunto morto pra mim. Duvido que nestas mais de 1200 postagens exista algo sobre algum signo. E olha que numa recaída, tive uma tentação enorme de falar sobre a coincidência de Dante, Whitman, Pessoa, Yeats e Lorca serem todos de gêmeos.
O cinema não é mais o que já foi para mim. E isso é fácil saber porque. O cinema atual ainda produz bons filmes, mas são tão poucos... E o passado já foi todo visto por mim. Sim, assisti cerca de 2000 filmes nos últimos quatro anos. Os grandes filmes que não vi posso contar nos dedos da mão. Claro que sempre amarei o cinema, mas não é mais uma paixão. Ele se tornou um tipo de brinquedo antigo que amo mas que não me revitaliza mais.
Os livros continuam sendo a primeira coisa entre todas. O mundo é uma biblioteca e o mistério fica ao redor dela. Mas me cansei de certo tipo de livro, um tipo de literatura que chamo hoje de adolescente. É aquela literatura zangada, mal humorada, que tem enorme utilidade para os que começam a ler, mas que também mostra uma superficialidade asfixiante. Não consigo mais levar a sério autores que falam da falta de sentido da vida, do vazio do absurdo, da negação da liberdade. Blá!!! Já cruzei por esses caminhos e sei o que eles significam: uma enorme vaidade. O mundo pode ser muito cruel, a dor e o mal existem, mas não venha me falar de tédio ou de vazio. Tenha a humildade de aceitar o fato de que esse vazio que voce sente se chama miopia. A vida é muito maior do que voce consegue apreender. Portanto, Sartre, Moravia, O'Neill, Beckett, adeus! Não dou a minima para autores que vivem em becos. Quero aqueles que souberam sair.
Dou uma banana pra Nietzsche. Ele era apenas um ansioso. Nada há de racional em seu pensamento, nada de profundo em sua dor. Ele deveria ter sido um pastor. Ou um poeta. O que ele chama de filosofia é poesia fraca.
Se eu quero materialismo vou direto em Russell e Whitehead, se quero profundidade leio Espinoza e Pascal.
Perdi totalmente a fé em Freud e seus discípulos. Como aconteceu com Nietzsche, Freud foi um pastor que se imaginava ateu. Deveria ter sido um romancista. Na verdade o que ele fez foi escrever diários. Seu sucesso de público se deve a mistura esperta de sexo e escândalo. No Brasil e na Argentina ainda o levam a sério. Bem, aqui o espiritismo é levado a sério...
Religião é um assunto sobre o qual pouco falo. Creio que não exista uma lingua da alma. Mas concordo em tudo com Espinoza. Nada há de culposo ou de violento em Jesus. A luta pelo poder dentro da igreja destruiu o cristianismo. Os inimigos da mensagem de Cristo sempre viveram dentro da igreja, nunca foram os ateus ( que apenas querem ficar em paz ) ou hereges ( que sempre desejaram chegar a verdade ), os inimigos sempre foram a vaidade e a ambição. Usou-se a culpa para dominar e o medo para matar a crítica. Negou-se o amor .
O interessante é que ao contrário do que eu esperava, o interesse pela religião não me fechou num tipo de negação da vida. Ao contrário, me abriu para o outro. Nunca me senti tão próximo dos desconhecidos. Que agora não me parecem tão distantes. E nunca me senti tão apto a participar da vida material. Surpreendentemente, leio na Revista de Filosofia deste mês um artigo que fala exatamente isso. Se bem entendida, a religião te desperta para o outro e não o contrário.
Continuo maluco por bichos. Uma coisa que acontece com a idade é que o que te é verdadeiro fica mais forte. Meu amor pela natureza é do tamanho dela. Não consigo ver mal nela. Ela pode nos matar, seja um terremoto, seja um furacão, mas a morte é parte da natureza. Não pode haver mal na morte natural. Não natural é negar sua verdade. Não pensar nela.
Maldade é a ingratidão. Difamar a vida, blasfemar contra ela. Diminuir a vida, trancafiando esse milagre em fórmulas redutoras e em verdades que serão desmentidas. Toda maldade diminui a vida, a natureza é expansão eterna. Crescemos, desfazemos e continuamos a crescer. O sentido da vida é ser incapturável. Por mais que voce tente a explicar, ela nos foge.
A vida é luta? É desejo? É aprendizado? É absurda? Ela é tudo isso. E seu contrário também: ela é sonho, morte, fuga e razão. Ela é muito mais que nós.
Eu e minha amiga andamos na chuva. Na natureza, essa chuva do dia 27 de dezembro de 2012 é a mesma de 27 de dezembro de 1969. Ela cai igual, molha igual e faz seu mesmo caminho. Se expande, se esvai, se infiltra, cai. Nada é mal nela. Andamos amigávelmente por dentro dela.
Feliz 2013. Que voce saiba ser amigo da chuva.
É engraçado lembrar que eu fui um dia doido por astrologia. Eu sabia o signo e ascendente de todo mundo que eu conhecia! Não falo hoje que astrologia é picaretagem. No mínimo ela é um belo saber intuitivo sobre os tipos de personalidade que são protagonistas deste nosso mundo. Mas é um assunto morto pra mim. Duvido que nestas mais de 1200 postagens exista algo sobre algum signo. E olha que numa recaída, tive uma tentação enorme de falar sobre a coincidência de Dante, Whitman, Pessoa, Yeats e Lorca serem todos de gêmeos.
O cinema não é mais o que já foi para mim. E isso é fácil saber porque. O cinema atual ainda produz bons filmes, mas são tão poucos... E o passado já foi todo visto por mim. Sim, assisti cerca de 2000 filmes nos últimos quatro anos. Os grandes filmes que não vi posso contar nos dedos da mão. Claro que sempre amarei o cinema, mas não é mais uma paixão. Ele se tornou um tipo de brinquedo antigo que amo mas que não me revitaliza mais.
Os livros continuam sendo a primeira coisa entre todas. O mundo é uma biblioteca e o mistério fica ao redor dela. Mas me cansei de certo tipo de livro, um tipo de literatura que chamo hoje de adolescente. É aquela literatura zangada, mal humorada, que tem enorme utilidade para os que começam a ler, mas que também mostra uma superficialidade asfixiante. Não consigo mais levar a sério autores que falam da falta de sentido da vida, do vazio do absurdo, da negação da liberdade. Blá!!! Já cruzei por esses caminhos e sei o que eles significam: uma enorme vaidade. O mundo pode ser muito cruel, a dor e o mal existem, mas não venha me falar de tédio ou de vazio. Tenha a humildade de aceitar o fato de que esse vazio que voce sente se chama miopia. A vida é muito maior do que voce consegue apreender. Portanto, Sartre, Moravia, O'Neill, Beckett, adeus! Não dou a minima para autores que vivem em becos. Quero aqueles que souberam sair.
Dou uma banana pra Nietzsche. Ele era apenas um ansioso. Nada há de racional em seu pensamento, nada de profundo em sua dor. Ele deveria ter sido um pastor. Ou um poeta. O que ele chama de filosofia é poesia fraca.
Se eu quero materialismo vou direto em Russell e Whitehead, se quero profundidade leio Espinoza e Pascal.
Perdi totalmente a fé em Freud e seus discípulos. Como aconteceu com Nietzsche, Freud foi um pastor que se imaginava ateu. Deveria ter sido um romancista. Na verdade o que ele fez foi escrever diários. Seu sucesso de público se deve a mistura esperta de sexo e escândalo. No Brasil e na Argentina ainda o levam a sério. Bem, aqui o espiritismo é levado a sério...
Religião é um assunto sobre o qual pouco falo. Creio que não exista uma lingua da alma. Mas concordo em tudo com Espinoza. Nada há de culposo ou de violento em Jesus. A luta pelo poder dentro da igreja destruiu o cristianismo. Os inimigos da mensagem de Cristo sempre viveram dentro da igreja, nunca foram os ateus ( que apenas querem ficar em paz ) ou hereges ( que sempre desejaram chegar a verdade ), os inimigos sempre foram a vaidade e a ambição. Usou-se a culpa para dominar e o medo para matar a crítica. Negou-se o amor .
O interessante é que ao contrário do que eu esperava, o interesse pela religião não me fechou num tipo de negação da vida. Ao contrário, me abriu para o outro. Nunca me senti tão próximo dos desconhecidos. Que agora não me parecem tão distantes. E nunca me senti tão apto a participar da vida material. Surpreendentemente, leio na Revista de Filosofia deste mês um artigo que fala exatamente isso. Se bem entendida, a religião te desperta para o outro e não o contrário.
Continuo maluco por bichos. Uma coisa que acontece com a idade é que o que te é verdadeiro fica mais forte. Meu amor pela natureza é do tamanho dela. Não consigo ver mal nela. Ela pode nos matar, seja um terremoto, seja um furacão, mas a morte é parte da natureza. Não pode haver mal na morte natural. Não natural é negar sua verdade. Não pensar nela.
Maldade é a ingratidão. Difamar a vida, blasfemar contra ela. Diminuir a vida, trancafiando esse milagre em fórmulas redutoras e em verdades que serão desmentidas. Toda maldade diminui a vida, a natureza é expansão eterna. Crescemos, desfazemos e continuamos a crescer. O sentido da vida é ser incapturável. Por mais que voce tente a explicar, ela nos foge.
A vida é luta? É desejo? É aprendizado? É absurda? Ela é tudo isso. E seu contrário também: ela é sonho, morte, fuga e razão. Ela é muito mais que nós.
Eu e minha amiga andamos na chuva. Na natureza, essa chuva do dia 27 de dezembro de 2012 é a mesma de 27 de dezembro de 1969. Ela cai igual, molha igual e faz seu mesmo caminho. Se expande, se esvai, se infiltra, cai. Nada é mal nela. Andamos amigávelmente por dentro dela.
Feliz 2013. Que voce saiba ser amigo da chuva.