DON JUAN de Alan Crosland com John Barrymore
O grande Barrymore faz o grande Don Juan. Enorme produção da Warner, cenários gigantes, milhares de figurantes. Cinema mudo pop, quem desejar se iniciar nesse tipo de cinema tem aqui um bom começo.
FATHER GOOSE de Ralph Nelson com Cary Grant, Leslie Caron e Trevor Howard
Despedida de Cary Grant do cinema. Em 1964, ano deste filme, Grant tinha 60 anos e se achava velho demais para as telas. Ainda no auge da fama, ele encerra sua glória sem conhecer a decadência. Aqui ele faz um beberrão solitário, morador de ilhas isoladas nos mares da Austrália. Mas esse ranzinza é obrigado a tomar conta de ilhota na segunda-guerra. Por lá surgem alunas de colégio feminino e sua professora. O filme se deixa ver. Tem bons diálogos e consegue criar empatia. Mas o romance é forçado. Cary consegue ser elegante até neste papel desglamurizado. Vê-lo é uma alegria. Sempre. Nota 6.
PARA ROMA COM AMOR de Woody Allen
Um dos filmes mais preguiçosos de Woody. O roteiro é pífio, os atores estão á toa, diálogos pobres, e o pior de tudo, nenhuma das histórias tem um mínimo de interesse. Uma delas poderia dar um belo filme, aquela do cantor de chuveiro. Mas é tudo travado pela falta de inspiração. Salva-se a beleza da cidade. Roma é uma mulher. Nota 1.
SÓCIOS NO AMOR de Ernst Lubitsch com Miriam Hopkins, Fredric March e Gary Cooper
Delicioso. Num trem, uma mulher conhece dois amigos, um pintor e um escritor. Ela amará os dois, ao mesmo tempo, e todos serão amigos sempre. Ernst destila seu jeito alegre e fluido de filmar. O texto é de Ben Hecht baseado em Noel Coward. E os três atores são tudo aquilo que os anos 30 pediam: reis do charme. March tem talento e verve, Cooper foi o ator mais bonito da história do cinema. Ernst Lubitsch junta as partes com seu modo "vienense" de orquestrar. Uma diversão admirávelmente alegre. Nota 9.
VIAGEM À ITÁLIA de Roberto Rosselini com Ingrid Bergman e George Sanders
Casal viaja pela Itália. A crise entre os dois irrompe. Este filme, um absoluto fracasso em seu tempo, é tido hoje como uma das obras-primas de sempre. Rosselini filme on the road, há improviso, há desglamurização. É um filme adiante de seu tempo. Nota 5.
OS SINOS DE SANTA MARIA de Leo McCarey com Bing Crosby e Ingrid Bergman
Ingrid foi eleita em 2010 a segunda maior estrela da história do cinema. Suéca, estourou com Casablanca e até 1949 foi a queridinha do público americano. Viam-na como a perfeição, a moça simples, culta e casada com um médico suéco. Mas em 49 ela conhece Rosselini, casado, e os dois abandonam seus lares para viver juntos. A carreira de Ingrid quase acabou. Voltaria triunfalmente em 1956, com Oscar por Anastácia. Aqui ela faz uma freira durona. Bing Crosby repete o padre de Going My Way. O filme é todo relax, sem grandes dramas. Parece filmado em ritmo de oração. Bem-humorado, assistimos ao cotidiano comum de gente sem nada de muito especial. McCarey foi um dos mais famosos diretores da época. Seu cinema anda meio esquecido hoje. Nota 6.
ROTA IRLANDESA de Ken Loach
Um ex-soldado irlandês procura entender o que houve com um amigo que foi morto no Oriente. Tudo é uma trama de grupo que controla negócios no país árabe. Não é um dos grandes filmes de Loach, mas mesmo assim é um bom filme de ação. Os atores se entregam, a violência está no ponto certo. Ken Loach continua sua carreira de independência e de consciência social. É um mestre. Nota 7.
SANGUE E AREIA de Rouben Mamoulian com Tyrone Power, Linda Darnell e Rita Hayworth
A história de um toureiro arrogante. O filme tem pouco touro e muito espanholismo da Fox. Tyrone convence como espanhol e como macho, mas o filme é enjoativo. Tudo é muito over, muito colorido demais. E pior, a Espanha se parece com um tipo de fiesta mexicana para turista. Nota 3.
NON OU A VÃ GLÓRIA DE MANDAR de Manoel de Oliveira
Soldados em Moçambique. São os últimos dias de Portugal na África. Eles conversam. E cenas da história de Portugal são revistas. A história portuguesa é fascinante. Tem fatalismo, derrotas, vitórias impossíveis e desencantos às toneladas. O filme é surpreendentemente bom. Para quem odeia o cinema de Manoel, este filme pode fazer com que voce mude de ideia. Ou pelo menos vai te deixar acordado. Nota 5.
O VÉU PINTADO de Richard Boleslawski com Greta Garbo e Herbert Marshall
Baseado em Somerset Maugham, tem as marcas do autor: exotismo e amor frustrado. Uma mulher se casa com médico. Mas logo ela se enamora de outro. O marido descobre e a castiga a fazendo o acompanhar a região chinesa onde o cólera domina. Todos sofrem, e o filme compensa isso com imagens de sombras e de beleza. Garbo é incomparável e isso pode não ser um elogio. Ela é grande, forte, masculinizada, tem um sotaque forte. Mas domina a tela, a ilumina. Eu adoro o melancólico Herbert Marshall. Um dos atores ingleses fetiche da época, com sua voz nebulosa e seus modos lentos e pesados. Nota 6.
O grande Barrymore faz o grande Don Juan. Enorme produção da Warner, cenários gigantes, milhares de figurantes. Cinema mudo pop, quem desejar se iniciar nesse tipo de cinema tem aqui um bom começo.
FATHER GOOSE de Ralph Nelson com Cary Grant, Leslie Caron e Trevor Howard
Despedida de Cary Grant do cinema. Em 1964, ano deste filme, Grant tinha 60 anos e se achava velho demais para as telas. Ainda no auge da fama, ele encerra sua glória sem conhecer a decadência. Aqui ele faz um beberrão solitário, morador de ilhas isoladas nos mares da Austrália. Mas esse ranzinza é obrigado a tomar conta de ilhota na segunda-guerra. Por lá surgem alunas de colégio feminino e sua professora. O filme se deixa ver. Tem bons diálogos e consegue criar empatia. Mas o romance é forçado. Cary consegue ser elegante até neste papel desglamurizado. Vê-lo é uma alegria. Sempre. Nota 6.
PARA ROMA COM AMOR de Woody Allen
Um dos filmes mais preguiçosos de Woody. O roteiro é pífio, os atores estão á toa, diálogos pobres, e o pior de tudo, nenhuma das histórias tem um mínimo de interesse. Uma delas poderia dar um belo filme, aquela do cantor de chuveiro. Mas é tudo travado pela falta de inspiração. Salva-se a beleza da cidade. Roma é uma mulher. Nota 1.
SÓCIOS NO AMOR de Ernst Lubitsch com Miriam Hopkins, Fredric March e Gary Cooper
Delicioso. Num trem, uma mulher conhece dois amigos, um pintor e um escritor. Ela amará os dois, ao mesmo tempo, e todos serão amigos sempre. Ernst destila seu jeito alegre e fluido de filmar. O texto é de Ben Hecht baseado em Noel Coward. E os três atores são tudo aquilo que os anos 30 pediam: reis do charme. March tem talento e verve, Cooper foi o ator mais bonito da história do cinema. Ernst Lubitsch junta as partes com seu modo "vienense" de orquestrar. Uma diversão admirávelmente alegre. Nota 9.
VIAGEM À ITÁLIA de Roberto Rosselini com Ingrid Bergman e George Sanders
Casal viaja pela Itália. A crise entre os dois irrompe. Este filme, um absoluto fracasso em seu tempo, é tido hoje como uma das obras-primas de sempre. Rosselini filme on the road, há improviso, há desglamurização. É um filme adiante de seu tempo. Nota 5.
OS SINOS DE SANTA MARIA de Leo McCarey com Bing Crosby e Ingrid Bergman
Ingrid foi eleita em 2010 a segunda maior estrela da história do cinema. Suéca, estourou com Casablanca e até 1949 foi a queridinha do público americano. Viam-na como a perfeição, a moça simples, culta e casada com um médico suéco. Mas em 49 ela conhece Rosselini, casado, e os dois abandonam seus lares para viver juntos. A carreira de Ingrid quase acabou. Voltaria triunfalmente em 1956, com Oscar por Anastácia. Aqui ela faz uma freira durona. Bing Crosby repete o padre de Going My Way. O filme é todo relax, sem grandes dramas. Parece filmado em ritmo de oração. Bem-humorado, assistimos ao cotidiano comum de gente sem nada de muito especial. McCarey foi um dos mais famosos diretores da época. Seu cinema anda meio esquecido hoje. Nota 6.
ROTA IRLANDESA de Ken Loach
Um ex-soldado irlandês procura entender o que houve com um amigo que foi morto no Oriente. Tudo é uma trama de grupo que controla negócios no país árabe. Não é um dos grandes filmes de Loach, mas mesmo assim é um bom filme de ação. Os atores se entregam, a violência está no ponto certo. Ken Loach continua sua carreira de independência e de consciência social. É um mestre. Nota 7.
SANGUE E AREIA de Rouben Mamoulian com Tyrone Power, Linda Darnell e Rita Hayworth
A história de um toureiro arrogante. O filme tem pouco touro e muito espanholismo da Fox. Tyrone convence como espanhol e como macho, mas o filme é enjoativo. Tudo é muito over, muito colorido demais. E pior, a Espanha se parece com um tipo de fiesta mexicana para turista. Nota 3.
NON OU A VÃ GLÓRIA DE MANDAR de Manoel de Oliveira
Soldados em Moçambique. São os últimos dias de Portugal na África. Eles conversam. E cenas da história de Portugal são revistas. A história portuguesa é fascinante. Tem fatalismo, derrotas, vitórias impossíveis e desencantos às toneladas. O filme é surpreendentemente bom. Para quem odeia o cinema de Manoel, este filme pode fazer com que voce mude de ideia. Ou pelo menos vai te deixar acordado. Nota 5.
O VÉU PINTADO de Richard Boleslawski com Greta Garbo e Herbert Marshall
Baseado em Somerset Maugham, tem as marcas do autor: exotismo e amor frustrado. Uma mulher se casa com médico. Mas logo ela se enamora de outro. O marido descobre e a castiga a fazendo o acompanhar a região chinesa onde o cólera domina. Todos sofrem, e o filme compensa isso com imagens de sombras e de beleza. Garbo é incomparável e isso pode não ser um elogio. Ela é grande, forte, masculinizada, tem um sotaque forte. Mas domina a tela, a ilumina. Eu adoro o melancólico Herbert Marshall. Um dos atores ingleses fetiche da época, com sua voz nebulosa e seus modos lentos e pesados. Nota 6.