Li em algum lugar que em mundo sem religião e vazio de sentido o esporte se torna uma última tentativa de redenção. A nobreza de se tentar ser o melhor dentro de regras e de competição justa. Um objetivo que na verdade nada significa, uma realização que assume sua transitoriedade e seu futuro esquecimento. O esporte só poderia se tornar tão importante em realidade vazia onde a transcendencia se torna impossível e o tédio impera. O que seria passatempo fútil toma o posto de centro da vida, poder econômico e ícone de realização. Não mais um nobre e não mais um mártir, o herói é o homem que salta mais alto ou corre mais depressa. Mas se o esporte é central somente em universo vazio de sentido, podemos entender que ocasionalmente ele pode exibir uma fagulha de arte ou de espiritualidade. E nesses momentos ele vem como nostalgia. É como se por um segundo pudessemos pressentir alguma coisa que foi um dia. Uma imagem que não se verbaliza, mas que nos toca.
Ésportes coletivos são dos mais pobres em sentido. O que eles simbolizam é apenas uma guerra tribal, ou mais óbvio, brincadeiras de pátio escolar ( que é onde eles nasceram ). O sentido que recorda arte e espírito se encontra mais facilmente nos esportes individuais. Eles trazem a marca do herói solitário, da responsabilidade por seus erros, da força perante o mundo adverso. Podem às vezes ser cheios de lembranças de sentidos perdidos, de atos esquecidos, emoções eufóricas.
Existe toda uma educação estética no hipismo. Ele nos convida, como acontece com o melhor cinema, a admitir a existência de um outro modo de olhar e de vivenciar o tempo. Nele tudo é atenção ao detalhe. O que vemos é o mais belo dos animais sendo guiado pelo mais inteligente, mas nunca numa relação de mestre e servo, e sim numa parceria onde cada um dá o melhor que pode oferecer. As longas pernas se fazem energia e voam ou se disciplinam enquanto os olhos escuros arregalam-se em atenção absoluta. O sol brilha sobre o pelo do animal que é a obra-prima da elegãncia natural. E vence aquele que mais educado for. Cada pegada deve ser exata, cada movimento a repetição de uma exatidão, cada reação nervosa uma conclusão. A harmonia chega a ser musical, musica em que o som é a respiração do cavalo e seu trote ritmado. Tudo nesse esporte é arte, e essa arte nos ensina a ver. Usufruir.
As provas hípicas são feitas em Greenwich Park. Para não se danificar o gramado, construiu-se uma plataforma a quatro metros de altura, onde a areia foi colocada e a pista construída. O gramado existe, cultivado e sempre verde, desde 1495. Em Londres, a mais de cinco séculos, se cuida de um gramado. Jamais se construiu nada naquele espaço, jamais se modificou seu design. E é lá que correm e trotam os cavalos.
Nada pode dizer mais sobre o que seja a Inglaterra.
Ésportes coletivos são dos mais pobres em sentido. O que eles simbolizam é apenas uma guerra tribal, ou mais óbvio, brincadeiras de pátio escolar ( que é onde eles nasceram ). O sentido que recorda arte e espírito se encontra mais facilmente nos esportes individuais. Eles trazem a marca do herói solitário, da responsabilidade por seus erros, da força perante o mundo adverso. Podem às vezes ser cheios de lembranças de sentidos perdidos, de atos esquecidos, emoções eufóricas.
Existe toda uma educação estética no hipismo. Ele nos convida, como acontece com o melhor cinema, a admitir a existência de um outro modo de olhar e de vivenciar o tempo. Nele tudo é atenção ao detalhe. O que vemos é o mais belo dos animais sendo guiado pelo mais inteligente, mas nunca numa relação de mestre e servo, e sim numa parceria onde cada um dá o melhor que pode oferecer. As longas pernas se fazem energia e voam ou se disciplinam enquanto os olhos escuros arregalam-se em atenção absoluta. O sol brilha sobre o pelo do animal que é a obra-prima da elegãncia natural. E vence aquele que mais educado for. Cada pegada deve ser exata, cada movimento a repetição de uma exatidão, cada reação nervosa uma conclusão. A harmonia chega a ser musical, musica em que o som é a respiração do cavalo e seu trote ritmado. Tudo nesse esporte é arte, e essa arte nos ensina a ver. Usufruir.
As provas hípicas são feitas em Greenwich Park. Para não se danificar o gramado, construiu-se uma plataforma a quatro metros de altura, onde a areia foi colocada e a pista construída. O gramado existe, cultivado e sempre verde, desde 1495. Em Londres, a mais de cinco séculos, se cuida de um gramado. Jamais se construiu nada naquele espaço, jamais se modificou seu design. E é lá que correm e trotam os cavalos.
Nada pode dizer mais sobre o que seja a Inglaterra.