Cecilia Meireles é uma daquelas autoras que deveriam ser hoje muito lidas. Para nosso tempo é ela um antídoto. Não porque seja ela "antiga", mas sim porque ela se debate com nossos problemas e dá a eles escapes poéticos. Cecilia era um anjo, era linda e tinha uma vocação poética gigantesca. Ela olha as coisas com olhos de eternidade. Seu mundo, que é o meu, não é feito de homens e de História, é antes mundo de pedras, formigas, ventos e de solidão, uma solidão que não é sózinha pois habitada pelo amor às coisas. Sagrado.
Este minúsculo livreto contém crônicas de Cecilia. Mas serão crônicas ou poemas? São peças de sentimentos de poesia, diário sem data de vida em olhares claros. E como ela sabe olhar! Vê a vidinha boa de um cão amigo num tempo em que o amor aos cães ainda era esquisito. Aliás ela antecipa todo o tempo a onda verde, ela chora matas perdidas e paisagens corrompidas.
E ela olha albuns de fotografias, vê o valor nos trabalhadores braçais, se indaga sobre a vida dos peões, imagina a existência dos bichos. Fala dos brinquedos e dos Natais mudados. Cecilia nos anos 50 já lamenta o comercialismo do Natal e pede o resgate do simbolismo original. E fala ainda da morte dos lutos, do fogo na floresta, chora um gato morto por moleques e se espanta com a dor de ter visto um cachorro doente e abandonado na rua. O sentimento dela vem dessas coisas, pois ela mesma sabe, ela é o cachorro velho e abandonado, ela é o gato judiado, ela é a floresta que queima. E é também a criança do Natal, a alegria dos brinquedos, as fitas que enfeitam os vestidos.
É doce ler Cecilia, é doce é triste. É lindo.
Este minúsculo livreto contém crônicas de Cecilia. Mas serão crônicas ou poemas? São peças de sentimentos de poesia, diário sem data de vida em olhares claros. E como ela sabe olhar! Vê a vidinha boa de um cão amigo num tempo em que o amor aos cães ainda era esquisito. Aliás ela antecipa todo o tempo a onda verde, ela chora matas perdidas e paisagens corrompidas.
E ela olha albuns de fotografias, vê o valor nos trabalhadores braçais, se indaga sobre a vida dos peões, imagina a existência dos bichos. Fala dos brinquedos e dos Natais mudados. Cecilia nos anos 50 já lamenta o comercialismo do Natal e pede o resgate do simbolismo original. E fala ainda da morte dos lutos, do fogo na floresta, chora um gato morto por moleques e se espanta com a dor de ter visto um cachorro doente e abandonado na rua. O sentimento dela vem dessas coisas, pois ela mesma sabe, ela é o cachorro velho e abandonado, ela é o gato judiado, ela é a floresta que queima. E é também a criança do Natal, a alegria dos brinquedos, as fitas que enfeitam os vestidos.
É doce ler Cecilia, é doce é triste. É lindo.