A PRAIA SELVAGEM e O ÍDOLO CAÍDO-ROBERT LOUIS STEVENSON

   Me surpreende sempre observar como Stevenson tem boa acolhida neste blog. Sempre que falo desse autor escocês logo vêem respostas. O motivo é claro, Robert Louis Stevenson toca em sentimento muito vivo hoje. Ele é um desenraizado.
   Faz parte daquele grupo de europeus do fim do ´seculo XIX, que cansados dos excessos da época ( racionalismo, moralismo, militarismo ), procuravam ares mais livres em lugares como o norte da África ou os mares do sul. Stevenson foi pra Polinésia, e não pense que lá achou o paraíso. O que encontrou foi um misto de vicio sedutor e inferno pacífico. Eis o livro.
   Ele tem dois contos. O primeiro é A Praia Selvagem. O que temos aqui é o medo. Um negociante inglês chega a ilha de mares tropiciais. Tem dificuldade em se estabelecer e ainda enfrenta um comerciante que invoca feitiçaria para o subjugar. O clima é opressivo. O tom é de aventura.
   O segundo conto se passa na Inglaterra. É sobre o amor de dois jovens. Um amor que dá errado por causa de um pai rígido e de um outro bêbado. Há um final feliz bastante artificial. Mas é estranho, esse falso final feliz deixa o conto ainda mais triste...
   Stevenson faz parte do time dos escritores que escrevem "enredos". Eles não são formalistas, não são fissurados por estilo e modos de escrever. O que procuram é contar uma boa história, cheia de eventos, de fatos e de gente. Nesse sentido Stevenson é soberbo.
   Um bom livro para se ler num bom sofá sob a luz de um abat-jour de canto. Acho que voce me entende, não?