A MÁQUINA DO TEMPO- H.G.WELLS

Existem livros que não nos dão muito o que dizer. E se alguém começa a discorrer muito sobre os sentidos de tal obra, pode crer, um monte de abóboras está sendo "discorrida" sobre sua cabeça. Há quem consiga desfiar laudas e laudas sobre um filme de David Fincher ou um poema de cummings. Esse laudador é muito mais um agricultor que um razoável resenhista.
O livro de Wells, lançado no fim do século da razão exaltada, ( o XIX ), fala sobre o futuro. Um homem constrói máquina que o leva ao ano 8 milhões. Lá ele conhece os Elóis, um povinho doce e feliz e topa com os Morlocks, povo das profundezas, asqueroso, que trabalha e se alimenta das carnes tenras dos Elóis.
Wells era fabianista, e o fabianismo era a versão inglesa do socialismo. O livro mostra em que a elite se transformaria, em Elóis. Os Morlocks seriam os trabalhadores, que viriam a dominar o planeta por serem mais fortes e industriosos que a elite. Mas por terem sido maltratados por essa mesma elite, se transformariam em humanos condenados a escuridão. A mensagem ainda é válida? Racionalmente penso que não, no futuro todos seremos iguais em nossa bundice rosada. Mas já me peguei várias vezes pensando em que numa guerra civil, onde tudo valesse e a economia se fizesse um kaos, a elite se tornaria presa fácil dos homens acostumados a improvisar e a sobreviver com pouco.
Curto, sem floreios, o livro de Wells deve sua imensa popularidade a habilidade que ele tem em descrever climas e dosar suspense. Wells não foi um grande escritor, seu estilo é pobre; mas tinha ideias, tinha vontade, e nenhum receio em ser direto.
O filme de 1960, de George Pal, é delicioso. Fiel ao sabor vitoriano de Wells, época que criou tanta coisa que hoje usufruimos. Tantas modas e tanta´fés. Inclusive o culto da própria celebridade. E o medo/ fascinio pelo distante futuro.