Andei acompanhando a coluna de André Barcinski pós-Oscar. O que ele mais falou foi sobre o fato de que filmes que nos anos 70 fariam sucesso hoje passam batido. São poucos bons filmes que se produzem agora, e esses poucos são ignorados. O gosto se tornou tão medíocre, que Chinatown ou Mash hoje seriam provávelmente, um fracasso. E os dois foram big-hits em seu tempo. Scorsese, Altman, Polanski ou Bergman tiveram muita sorte de nascer quando nasceram. Nascidos vinte anos mais tarde seriam hoje diretores "alternativos" com uma filmografia minúscula. O cinema se tornou coisa de quem tem 12 anos.
Existe um momento na vida de um diretor em que ele dá a grande cartada. É o momento em que sua carreira se define. Se acertar, nasce uma nova etapa, nova vida. Se errar, sua carreira se torna confusa, irregular, e pode até se encerrar. Bergman viveu isso ao fazer Persona, Fellini com Oito e Meio e Kurosawa com Os Sete Samurais. Acertaram, se fizeram novos artistas. Mas há os que erraram, e pagaram o preço. Scorsese errou em O Rei da Comédia, e se perdeu por quase dez anos. Coppolla fez Apocalypse e morreu como diretor popular. Tim Burton jogou tudo em Big Fish e desde então está preso a refilmagens e perdeu seu fogo. E há o caso trágico deste Quase Famosos.
Quando foi lançado a expectativa de crítica e estúdio era de um super sucesso. Já se contava com seu Oscar de melhor direção. Mas o fracasso de público foi tão grande que tudo que a academia pode lhe dar foi o prêmio de roteiro. Foi a partir daí que eu comecei a perceber que o filme que seria um sucessão em 1973, em 2003 seria um fiasco. Desde então Cameron se perdeu e Kate, Billy... todos tiveram sua ascensão interrompida. Porque? Eu não sei.
Nunca o Led Zeppelin permitiu que suas músicas fossem usadas em cinema, aqui temos várias. Isso porque Cameron foi aquele garoto do filme. Ele seguiu o Led na adolescência cobrindo a excursão da banda para a Rolling Stone. E é maravilhoso vermos aquele bando de doidos fazendo uma revista que se mantém até hoje. O filme tem dezenas de cenas maravilhosas, dúzias de músicas soberbas, e interpretações inspiradas. Voce se apaixona pelas goupies, pelos músicos, pelo rapaz e até pela mãe. É um filme solar, claro, dourado, pra cima, e jamais parece tolo. Trata a adolescência com respeito. É um grande filme, mesmo para quem não gosta de rock. ( Assisti na época com minha namorada que odiava rock. Ela adorou o filme ).
A banda retratada combina a fama do Led com o jeitão dos Eagles. No roteiro há pitadas de Who e The Band. O cantor que foge e se joga na piscina é Robert Plant e o batera que se diz gay no avião em pane é Keith Moon. Cameron estava lá, ele sabe o que diz. O filme não pega pesado em drogas, em sexo e não tem violência e nem gente no hospital... acho que é por isso que fracassou.
Rod Stewart e Elton John são resgatados em duas cenas poéticas e tristes, mas Sparks do Who está na cena símbolo do filme: quando ele descobre os discos da irmã. É lindo.
O filme deveria ter feito de Kate uma estrela e de Billy um star. Não fez. Pena. Eles brilham como astros. Amam seus papéis. O tempo fará justiça a este filme como faz a suas músicas. Não, não vou falar de minhas lembranças pessoais desse tempo. Foi o tempo em que o rock era uma religião, e em que ele ditava as regras da arte. Ao mesmo tempo, foi o momento em que o lixo de hoje se instituiu: drogas, infantilidade e individualismo extremado. O filme mostra isso: amamos aquela banda porque eles fazem o que sempre sonhamos em fazer- ser adolescentes para sempre. Um playground do tamanho de um estádio. Estamos no furgão deles até hoje.
É um puta filme.
Existe um momento na vida de um diretor em que ele dá a grande cartada. É o momento em que sua carreira se define. Se acertar, nasce uma nova etapa, nova vida. Se errar, sua carreira se torna confusa, irregular, e pode até se encerrar. Bergman viveu isso ao fazer Persona, Fellini com Oito e Meio e Kurosawa com Os Sete Samurais. Acertaram, se fizeram novos artistas. Mas há os que erraram, e pagaram o preço. Scorsese errou em O Rei da Comédia, e se perdeu por quase dez anos. Coppolla fez Apocalypse e morreu como diretor popular. Tim Burton jogou tudo em Big Fish e desde então está preso a refilmagens e perdeu seu fogo. E há o caso trágico deste Quase Famosos.
Quando foi lançado a expectativa de crítica e estúdio era de um super sucesso. Já se contava com seu Oscar de melhor direção. Mas o fracasso de público foi tão grande que tudo que a academia pode lhe dar foi o prêmio de roteiro. Foi a partir daí que eu comecei a perceber que o filme que seria um sucessão em 1973, em 2003 seria um fiasco. Desde então Cameron se perdeu e Kate, Billy... todos tiveram sua ascensão interrompida. Porque? Eu não sei.
Nunca o Led Zeppelin permitiu que suas músicas fossem usadas em cinema, aqui temos várias. Isso porque Cameron foi aquele garoto do filme. Ele seguiu o Led na adolescência cobrindo a excursão da banda para a Rolling Stone. E é maravilhoso vermos aquele bando de doidos fazendo uma revista que se mantém até hoje. O filme tem dezenas de cenas maravilhosas, dúzias de músicas soberbas, e interpretações inspiradas. Voce se apaixona pelas goupies, pelos músicos, pelo rapaz e até pela mãe. É um filme solar, claro, dourado, pra cima, e jamais parece tolo. Trata a adolescência com respeito. É um grande filme, mesmo para quem não gosta de rock. ( Assisti na época com minha namorada que odiava rock. Ela adorou o filme ).
A banda retratada combina a fama do Led com o jeitão dos Eagles. No roteiro há pitadas de Who e The Band. O cantor que foge e se joga na piscina é Robert Plant e o batera que se diz gay no avião em pane é Keith Moon. Cameron estava lá, ele sabe o que diz. O filme não pega pesado em drogas, em sexo e não tem violência e nem gente no hospital... acho que é por isso que fracassou.
Rod Stewart e Elton John são resgatados em duas cenas poéticas e tristes, mas Sparks do Who está na cena símbolo do filme: quando ele descobre os discos da irmã. É lindo.
O filme deveria ter feito de Kate uma estrela e de Billy um star. Não fez. Pena. Eles brilham como astros. Amam seus papéis. O tempo fará justiça a este filme como faz a suas músicas. Não, não vou falar de minhas lembranças pessoais desse tempo. Foi o tempo em que o rock era uma religião, e em que ele ditava as regras da arte. Ao mesmo tempo, foi o momento em que o lixo de hoje se instituiu: drogas, infantilidade e individualismo extremado. O filme mostra isso: amamos aquela banda porque eles fazem o que sempre sonhamos em fazer- ser adolescentes para sempre. Um playground do tamanho de um estádio. Estamos no furgão deles até hoje.
É um puta filme.