O Diabo se ressente. Ele odeia vozes de gente e o som dos sinos. Adora o silêncio, o estar só e o fogo.
Um casal chega a um castelo. Estamos em 1400. Esse casal se apresenta como dupla de cantores. E fazem parar o tempo. São dois enviados do Diabo.
Seduzem o dono do castelo. Seduzem a noiva de um barão. Seduzem o barão. Brincam com essa sedução. Tudo vai em seus conformes, mas o amor é um enigma. E é então que o filme cresce.
O diabo usa o amor para o mal. Mas o amor pode vencer o mal. Como entender isso? O amor é um bem ou um mal?
Foi pouco antes do tempo em que o filme se passa que o amor revolucionou a mente dos homens. O amor como o conhecemos, o amor das canções e da renúncia, é criado pelos menestréis e pelos franciscanos. Mas que amor é esse que fez de nós seres obcecados por ele? Ele nos é natural ou foi por nós criado?
Um dos enviados do Diabo se apaixona de verdade. Rompe seu pacto. E o próprio Demo em pessoa vem ao castelo intervir. O Diabo torturará seu enviado, atormentará a jovem donzela. Ele se irrita com esse amor, zomba dele, joga com ele.
Conseguirá vencer. Ou não? Em amor nunca se sabe o que é vitória ou o que seja uma derrota.
Marcel Carné fez aquele que é considerado o maior filme francês do século ( O Boulevard do Crime). Este foi feito três anos antes e tem como em Boulevard, roteiro de Jacques Prévert. O que? Voce não conhece Prévert? Bom...Prévert foi poeta, pintor, músico. Da turma de Picasso, é considerado um dos grandes da França. Ele sabe do que fala. As canções de amor são lindas. E medievais.
Voce pode definir uma posição perante a vida de acordo com suas escolhas em cinema. Scorsese ou Altman. Bergman ou Fellini. Kurosawa ou Ozu. Ford ou Hawks. De Sica ou Rosselini. Truffaut ou Godard. E Carné ou Jean Renoir. Prefiro Marcel Carné. Ele é sempre simbólico. Renoir era realista.
Bergman adorava Carné e bebeu muito neste filme. O Olho do Diabo é sua versão desta obra.
O filme é hiperbólico, teatral, artificial, e tem uma assinatura de esteta. É belo. Adulto.
O que seria esse tal de filme adulto de que tanto falo?
Simples. Ele só será entendido por quem amou de verdade. Por quem já foi um "diabo". Por quem tem algum passado. O filme infantil dispensa qualquer prévia experiência. E qualquer cultura também. O filme adulto pede que voce se erga e vá à ele. O infantil se dá barato.
Pleno de milhares de conexões ( não seria nosso mundo, de solitários silenciosos, um mundo do diabo? ), Os Visitantes da Noite é um grande filme.
E é um alivio voltar a meus velhos clássicos.
Um casal chega a um castelo. Estamos em 1400. Esse casal se apresenta como dupla de cantores. E fazem parar o tempo. São dois enviados do Diabo.
Seduzem o dono do castelo. Seduzem a noiva de um barão. Seduzem o barão. Brincam com essa sedução. Tudo vai em seus conformes, mas o amor é um enigma. E é então que o filme cresce.
O diabo usa o amor para o mal. Mas o amor pode vencer o mal. Como entender isso? O amor é um bem ou um mal?
Foi pouco antes do tempo em que o filme se passa que o amor revolucionou a mente dos homens. O amor como o conhecemos, o amor das canções e da renúncia, é criado pelos menestréis e pelos franciscanos. Mas que amor é esse que fez de nós seres obcecados por ele? Ele nos é natural ou foi por nós criado?
Um dos enviados do Diabo se apaixona de verdade. Rompe seu pacto. E o próprio Demo em pessoa vem ao castelo intervir. O Diabo torturará seu enviado, atormentará a jovem donzela. Ele se irrita com esse amor, zomba dele, joga com ele.
Conseguirá vencer. Ou não? Em amor nunca se sabe o que é vitória ou o que seja uma derrota.
Marcel Carné fez aquele que é considerado o maior filme francês do século ( O Boulevard do Crime). Este foi feito três anos antes e tem como em Boulevard, roteiro de Jacques Prévert. O que? Voce não conhece Prévert? Bom...Prévert foi poeta, pintor, músico. Da turma de Picasso, é considerado um dos grandes da França. Ele sabe do que fala. As canções de amor são lindas. E medievais.
Voce pode definir uma posição perante a vida de acordo com suas escolhas em cinema. Scorsese ou Altman. Bergman ou Fellini. Kurosawa ou Ozu. Ford ou Hawks. De Sica ou Rosselini. Truffaut ou Godard. E Carné ou Jean Renoir. Prefiro Marcel Carné. Ele é sempre simbólico. Renoir era realista.
Bergman adorava Carné e bebeu muito neste filme. O Olho do Diabo é sua versão desta obra.
O filme é hiperbólico, teatral, artificial, e tem uma assinatura de esteta. É belo. Adulto.
O que seria esse tal de filme adulto de que tanto falo?
Simples. Ele só será entendido por quem amou de verdade. Por quem já foi um "diabo". Por quem tem algum passado. O filme infantil dispensa qualquer prévia experiência. E qualquer cultura também. O filme adulto pede que voce se erga e vá à ele. O infantil se dá barato.
Pleno de milhares de conexões ( não seria nosso mundo, de solitários silenciosos, um mundo do diabo? ), Os Visitantes da Noite é um grande filme.
E é um alivio voltar a meus velhos clássicos.