Cheguei então aos 2.500 dvds. Todos devidamente divididos em gêneros. Está dificil comprar novos títulos. Vários que já tenho são relançados e as caixas que eu tanto gostava não são mais produzidas. Olho e olho as novidades e não há nada....
Estou na livraria. Ouço um cara falar que finalmente terminou "EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO". E uma mulher, bonita, pergunta por "A NOITE DE SÃO LOURENÇO" dos irmãos Taviani. Um menino olha um livro sobre Billy Wilder e um barbudo leva tudo de Buster Keaton.
Alguém escreveu que o cinema ( adulto ), é hoje um tipo de "teatro". Meia dúzia de adoradores que estão sempre discutindo e revendo os Beckett/ Pinter e Brecht de sempre. Uma espécie de igreja pagã. Acho que todos os fiéis estavam hoje na livraria. Uma menina comprou um filme silencioso de Griffith.
Madonna dirigiu um filme e o roteirista diz que ela é louca por Jean-Luc Godard. Madonna não é baladeira, fica em casa vendo filmes. Já viu "tudo" e adora a nouvelle-vague. Tenho saudades de quando comprei meus dvds de nouvelle-vague. Redescobrir a NV é uma experiência deliciosa. Dá a sensação de que dá pra se fazer tudo em cinema. Voce se sente livre. Tem um monte de diretores de quarenta anos que endeusam BANDE A PART ou WEEK-END. É a sedução da liberdade.
Vejo numa revista que Hilda Hist morava isolada com 90 cães. Ela leu um livro de Niko Kazantzakis que dizia que a solidão é primordial ao criador. Então ela largou amores e badalações e se isolou pra criar. E conseguiu. Eu conheço esse livro do Kazantzakis. É TESTAMENTO PARA EL GRECO, um livro que todo mundo devia ler. Nele, Niko está em crise. Deixa de ser cristão e vira budista. Mas descobre que Cristo, Buda, Maomé são todos o mesmo. Ele se isola, e tenta conciliar com esse isolamento seu interesse pelo mundo. Ele segue Lenine, ele se interessa pela história, conhece a guerra. O livro exibe esse conflito. Uma alma que deseja a solidão para encontrar a criação e o Criador. E um homem que deseja a vida ativa, o mundo, os seres. Preciso reler. Li esse livro em 1989. Nunca o reli.
Walter Carvalho fala que toda a criatividade de um cara se faz entre o fim da infância e o inicio da adolescência. Entre os 11 e os 13 anos. É verdade. É a genuína verdade.
Compro A NOVIÇA REBELDE. Nunca vi esse filme. É aquele que bateu o recorde de bilheteria de E O VENTO LEVOU, em 1965. Nunca tive vontade de ver. Mas ele está sendo reavaliado e estou curioso. Julie Andrews é adorável. E compro também o DIVÓRCIO À ITALIANA, que saiu finalmente em dvd e que aconselho a todo mundo. É uma obra-prima da comédia humanista italiana. E tem um dos três maiores desempenhos de Mastroianni. Ele faz um conquistador de cidade pequena, super vaidoso, machista, tolo. É uma coisa de impressionar. Marcello foi um rei dos reis. O bigode que ele usa já vale o filme.
Lançaram as bios de Pedro Nava. São milhares de páginas com as lembranças de Pedro. Ele escreve à Proust. Lerei um dia.
Tudo sempre passa por Marcel Proust. Nosso mundo é um círculo em que as coisas retornam e se desfazem. Para depois serem retomadas. E reinterpretadas. É como se tudo fosse sempre agora.
Tem um Henry Fielding em capa dura e ilustrado que muito me interessa. Fielding de luxo no Brasil....É um país estranho pacas.
Terminei de ler MINHA VIDA DE MENINA, de Helena Morley.
Helena era filha de ingleses. Escreveu entre os 12 e os 13 anos um diário. O livro, extraordinário, é esse diário. É hoje um clássico, traduzido entre outros por Elizabeth Bishop para o inglês. Morley mostra o que era o interior de Minas em 1895. Muita igreja, muita fruta roubada no pé, pescarias e uma familia imensa.
Os filhos eram criados por mãe, pai, tia, avó, primos, vizinhos, padres e professores. Hoje quem os cria? Na época do livro ficar só no quarto era uma coisa de gente louca. Comer sózinho era impensável. São conversas longas à noite, idas às festas, casamentos e enterros. E os negros.
As pessoas pegavam negrinhos pra criar em casa. A escravidão não existia mais, mas os negros estavam sem posição, meio perdidos. Então a gente lê sobre montes de negros, alguns morando nas casas grandes, fazendo bicos, e tendo filhos que os brancos recolhem.
É um mundo longe de nós. Tudo o que as meninas querem é comida. Doces e brincadeiras são toda a felicidade da vida. E a figura paterna, sempre distante. Livro bonito.
Estou na livraria. Ouço um cara falar que finalmente terminou "EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO". E uma mulher, bonita, pergunta por "A NOITE DE SÃO LOURENÇO" dos irmãos Taviani. Um menino olha um livro sobre Billy Wilder e um barbudo leva tudo de Buster Keaton.
Alguém escreveu que o cinema ( adulto ), é hoje um tipo de "teatro". Meia dúzia de adoradores que estão sempre discutindo e revendo os Beckett/ Pinter e Brecht de sempre. Uma espécie de igreja pagã. Acho que todos os fiéis estavam hoje na livraria. Uma menina comprou um filme silencioso de Griffith.
Madonna dirigiu um filme e o roteirista diz que ela é louca por Jean-Luc Godard. Madonna não é baladeira, fica em casa vendo filmes. Já viu "tudo" e adora a nouvelle-vague. Tenho saudades de quando comprei meus dvds de nouvelle-vague. Redescobrir a NV é uma experiência deliciosa. Dá a sensação de que dá pra se fazer tudo em cinema. Voce se sente livre. Tem um monte de diretores de quarenta anos que endeusam BANDE A PART ou WEEK-END. É a sedução da liberdade.
Vejo numa revista que Hilda Hist morava isolada com 90 cães. Ela leu um livro de Niko Kazantzakis que dizia que a solidão é primordial ao criador. Então ela largou amores e badalações e se isolou pra criar. E conseguiu. Eu conheço esse livro do Kazantzakis. É TESTAMENTO PARA EL GRECO, um livro que todo mundo devia ler. Nele, Niko está em crise. Deixa de ser cristão e vira budista. Mas descobre que Cristo, Buda, Maomé são todos o mesmo. Ele se isola, e tenta conciliar com esse isolamento seu interesse pelo mundo. Ele segue Lenine, ele se interessa pela história, conhece a guerra. O livro exibe esse conflito. Uma alma que deseja a solidão para encontrar a criação e o Criador. E um homem que deseja a vida ativa, o mundo, os seres. Preciso reler. Li esse livro em 1989. Nunca o reli.
Walter Carvalho fala que toda a criatividade de um cara se faz entre o fim da infância e o inicio da adolescência. Entre os 11 e os 13 anos. É verdade. É a genuína verdade.
Compro A NOVIÇA REBELDE. Nunca vi esse filme. É aquele que bateu o recorde de bilheteria de E O VENTO LEVOU, em 1965. Nunca tive vontade de ver. Mas ele está sendo reavaliado e estou curioso. Julie Andrews é adorável. E compro também o DIVÓRCIO À ITALIANA, que saiu finalmente em dvd e que aconselho a todo mundo. É uma obra-prima da comédia humanista italiana. E tem um dos três maiores desempenhos de Mastroianni. Ele faz um conquistador de cidade pequena, super vaidoso, machista, tolo. É uma coisa de impressionar. Marcello foi um rei dos reis. O bigode que ele usa já vale o filme.
Lançaram as bios de Pedro Nava. São milhares de páginas com as lembranças de Pedro. Ele escreve à Proust. Lerei um dia.
Tudo sempre passa por Marcel Proust. Nosso mundo é um círculo em que as coisas retornam e se desfazem. Para depois serem retomadas. E reinterpretadas. É como se tudo fosse sempre agora.
Tem um Henry Fielding em capa dura e ilustrado que muito me interessa. Fielding de luxo no Brasil....É um país estranho pacas.
Terminei de ler MINHA VIDA DE MENINA, de Helena Morley.
Helena era filha de ingleses. Escreveu entre os 12 e os 13 anos um diário. O livro, extraordinário, é esse diário. É hoje um clássico, traduzido entre outros por Elizabeth Bishop para o inglês. Morley mostra o que era o interior de Minas em 1895. Muita igreja, muita fruta roubada no pé, pescarias e uma familia imensa.
Os filhos eram criados por mãe, pai, tia, avó, primos, vizinhos, padres e professores. Hoje quem os cria? Na época do livro ficar só no quarto era uma coisa de gente louca. Comer sózinho era impensável. São conversas longas à noite, idas às festas, casamentos e enterros. E os negros.
As pessoas pegavam negrinhos pra criar em casa. A escravidão não existia mais, mas os negros estavam sem posição, meio perdidos. Então a gente lê sobre montes de negros, alguns morando nas casas grandes, fazendo bicos, e tendo filhos que os brancos recolhem.
É um mundo longe de nós. Tudo o que as meninas querem é comida. Doces e brincadeiras são toda a felicidade da vida. E a figura paterna, sempre distante. Livro bonito.