Fico pensando no ano de 4012.... Pessoas andando e olhando com respeito:
Para uma garrafa de vidro de Guaraná, uma escova de dentes verde e para um pedaço de parede com grafiti onde se lê: vote em Carlos Daniel.
Olharão com interesse para uma caneta da Copa da África do Sul e para uma página de papel com uma foto da Luana Piovani pelada. Uma calça jeans esfarrapada e uma capa do vinil do Jorge Ben.
Um garfo de plástico e um pôster do Hawaii. Uma foto do marceneiro Zé da Moóca e um lápis preto.
Swatch de plástico vermelho e um livro rasgado de Harold Robbins.
Daqui a 2000 anos olharão para pedaços de túmulos e não entenderão nada. E para cruzes cristãs e nada vão lembrar. E uma moeda de niquel.
Nossos objetos terão a honra de viver por vinte séculos?
Vejo a exposição sobre a Roma Imperial e penso isso. Mas penso mais. Que há um patético em se olhar para um garfo, para uma lasca de parede, para uma urna funerária. Aquilo tudo não é obra de um artista, é artesanato, coisas úteis e arte é inutil. Admiramos o lixo de Roma, os restos. E também constato que fora de seu ambiente aquilo tudo se torna mudo. Uma estátua de Nero longe de Roma é como um tigre no zoo de Londres. Saímos da avendia Paulista e nos vemos diante de um bronze de 2000 anos de idade. Não há como entrar no espirito daqueles objetos. Eles estão isolados, exilados de seu mundo. Mortos.
Sinto mais uma vez o quanto sou romântico. Preciso do grande nome de um artista, de um rastro de um ego imenso. Preciso de Arte e não de artesanato. Preciso ver El Greco, preciso das imagens religiosas da Espanha católica. E dos retratos de Gainsborough, de Watteau. Preciso lembrar de Modigliani. Na frieza dos mármores de Roma eu nada vi. São objetos de vidas que se foram. Mas a menina de Renoir não é um objeto. É vida para sempre. Ela vive, ela me alegra, ela é a beleza.
Vá ver as coisas que eram cotidianas na cidade de Roma e na vida romana. Mas aproveite e reveja a arte não cotidiana de seres nossos irmãos. Saia de um mundo morto e respire a vida das telas de Monet e de Rafael. E perceba mais uma vez: arte é vida e vida é para sempre.
Para uma garrafa de vidro de Guaraná, uma escova de dentes verde e para um pedaço de parede com grafiti onde se lê: vote em Carlos Daniel.
Olharão com interesse para uma caneta da Copa da África do Sul e para uma página de papel com uma foto da Luana Piovani pelada. Uma calça jeans esfarrapada e uma capa do vinil do Jorge Ben.
Um garfo de plástico e um pôster do Hawaii. Uma foto do marceneiro Zé da Moóca e um lápis preto.
Swatch de plástico vermelho e um livro rasgado de Harold Robbins.
Daqui a 2000 anos olharão para pedaços de túmulos e não entenderão nada. E para cruzes cristãs e nada vão lembrar. E uma moeda de niquel.
Nossos objetos terão a honra de viver por vinte séculos?
Vejo a exposição sobre a Roma Imperial e penso isso. Mas penso mais. Que há um patético em se olhar para um garfo, para uma lasca de parede, para uma urna funerária. Aquilo tudo não é obra de um artista, é artesanato, coisas úteis e arte é inutil. Admiramos o lixo de Roma, os restos. E também constato que fora de seu ambiente aquilo tudo se torna mudo. Uma estátua de Nero longe de Roma é como um tigre no zoo de Londres. Saímos da avendia Paulista e nos vemos diante de um bronze de 2000 anos de idade. Não há como entrar no espirito daqueles objetos. Eles estão isolados, exilados de seu mundo. Mortos.
Sinto mais uma vez o quanto sou romântico. Preciso do grande nome de um artista, de um rastro de um ego imenso. Preciso de Arte e não de artesanato. Preciso ver El Greco, preciso das imagens religiosas da Espanha católica. E dos retratos de Gainsborough, de Watteau. Preciso lembrar de Modigliani. Na frieza dos mármores de Roma eu nada vi. São objetos de vidas que se foram. Mas a menina de Renoir não é um objeto. É vida para sempre. Ela vive, ela me alegra, ela é a beleza.
Vá ver as coisas que eram cotidianas na cidade de Roma e na vida romana. Mas aproveite e reveja a arte não cotidiana de seres nossos irmãos. Saia de um mundo morto e respire a vida das telas de Monet e de Rafael. E perceba mais uma vez: arte é vida e vida é para sempre.