ARETHA E WHITNEY

   Belo texto no Estadão sobre Whitney Houston. O autor, que é americano, fala que nos EUA ele seria vaiado se dissesse o óbvio: Whitney era uma cantora ruim, fabricada, fria, sem qualquer sinal de verdadeiro talento. O canto que ela emitia nada tinha dela-mesma, era banal e poderia ser confundido com o canto de qualquer outra cantora de seu tempo. Pior, ela institui esse tipo de cantor hiper-produzido, exibicionista e vazio. Um canto sem emoção, sem pensamento, sem personalidade. O sonho da indústria: linha de montagem de vozes.
   O autor ( Lee...o que mesmo? ), conta que a madrinha de Whitney, Aretha Franklyn, não foi ao enterro e disse que Whitney era uma estrela. Só isso, uma estrela, não uma cantora. E como uma estrela moderna, ela torrou 100 milhões em drogas. Drogas usadas com o único objetivo de se drogar.
  Aretha Franklyn era/é uma grande cantora. Tem tudo aquilo que Whitney nunca nem sonhou em ter. Personalidade, sentimento genuíno e pensamento. Cada canção de Aretha traz a marca de tudo aquilo que ela pensa, vive e sente. Uma voz sem igual, única, como únicas eram as vozes de Ray Charles, Wilson Pickett ou de Otis Redding. Aretha canta, e canta e canta. Toda a saga negra na voz. Confundir sua voz com a de qualquer outra cantora é impossível. E essa marca se chama arte.
  Ouvir Whitney é uma experiência vazia de significado. Escutar Aretha é uma aprendizagem. Na morte de Whitney, pobre moça, os louvores são de sua madrinha, a inigualável Aretha Franklyn.