O último concerto.
Os 3 sobre o palco. E a sensação de que tudo pode dar errado. E dá. O baixista está viajando, ele ri, ele sai de tom, ele se acha. O ego vai crescendo, mas o que ele pensa todo o tempo é: shit....
A platéia é cheia de perigo. Uma nuvem de coisa roxa flutua sobre as muito jovens mentes. Todos estão pairando entre a histeria suicida e a indiferença mortal. Os rostos transmitem cores nada agradáveis. Há algo de muito satânico na sala de concertos, e esse satanismo rima estranhamente com inocência. O teto pode vir abaixo, uma faca pode ser usada, ou nada acontecerá então. E enquanto isso algumas mentes se partem em fagulhas.
Na bateria há um ruivo completamente canibal. Ele sabe ter saído de um galeão espanhol onde era trancafiado como animal selvagem. O modo como ele usa a bateria é soberbo, ele a ataca, a espanca, os bumbos são currados e os tambores estão sendo descabaçados. No rosto, feio, um sorriso de dentes podres.
O jovem guitarrista erra todo o tempo, se perde, se enrola em notas que não deveriam estar lá. Um principe que foi raptado por dupla de diabos. Ele tenta manter uma certa elegância, algo de ereto, de racional... mas entrega os pontos, só lhe resta deixar ir.
Eu juro que vi o teto desabar naquela noite. E juro que todos nós morremos debaixo daquele concreto e gesso.
Shows de rock podem ser como Eric ontem no Morumbi. Britânicamente perfeitos. Elegante, sublime, professoral, poético e sincero. Mas deveriam ser como Eric aos 23 anos, errado, perigoso, perdido, egocêntrico, satânico, dionisíaco, meio ridiculo até. No Farewell Tour de 1968 houve tudo aquilo que define o rock. Em 2011, tudo o que define o pop.
Mas Eric merece reverência. Aplauso. E ter começado com Key to the Highway e emendado com Tell the Thruth foi excelente decisão.
Só que faltou alguém como Ginger nos tambores, faltou cheiro de enxofre, faltou gente com a mente em pedaços, faltou perigo, o ácido aroma do perigo.
Os 3 sobre o palco. E a sensação de que tudo pode dar errado. E dá. O baixista está viajando, ele ri, ele sai de tom, ele se acha. O ego vai crescendo, mas o que ele pensa todo o tempo é: shit....
A platéia é cheia de perigo. Uma nuvem de coisa roxa flutua sobre as muito jovens mentes. Todos estão pairando entre a histeria suicida e a indiferença mortal. Os rostos transmitem cores nada agradáveis. Há algo de muito satânico na sala de concertos, e esse satanismo rima estranhamente com inocência. O teto pode vir abaixo, uma faca pode ser usada, ou nada acontecerá então. E enquanto isso algumas mentes se partem em fagulhas.
Na bateria há um ruivo completamente canibal. Ele sabe ter saído de um galeão espanhol onde era trancafiado como animal selvagem. O modo como ele usa a bateria é soberbo, ele a ataca, a espanca, os bumbos são currados e os tambores estão sendo descabaçados. No rosto, feio, um sorriso de dentes podres.
O jovem guitarrista erra todo o tempo, se perde, se enrola em notas que não deveriam estar lá. Um principe que foi raptado por dupla de diabos. Ele tenta manter uma certa elegância, algo de ereto, de racional... mas entrega os pontos, só lhe resta deixar ir.
Eu juro que vi o teto desabar naquela noite. E juro que todos nós morremos debaixo daquele concreto e gesso.
Shows de rock podem ser como Eric ontem no Morumbi. Britânicamente perfeitos. Elegante, sublime, professoral, poético e sincero. Mas deveriam ser como Eric aos 23 anos, errado, perigoso, perdido, egocêntrico, satânico, dionisíaco, meio ridiculo até. No Farewell Tour de 1968 houve tudo aquilo que define o rock. Em 2011, tudo o que define o pop.
Mas Eric merece reverência. Aplauso. E ter começado com Key to the Highway e emendado com Tell the Thruth foi excelente decisão.
Só que faltou alguém como Ginger nos tambores, faltou cheiro de enxofre, faltou gente com a mente em pedaços, faltou perigo, o ácido aroma do perigo.