BRASILIA, UM LUGAREJO DE ALTAS BANCADAS

Numa sala imensa, um homem "especial", fala para seus camaradas. Esse discursante está longe deles, bem longe, detrás de uma imensa bancada, ao alto, em posição "superior".
Os outros estão lá embaixo, escondidos detrás de imensas poltronas, perdidos no vazio de um salão imenso. Impossível haver lá um "olho no olho", um cara a cara.
Esse é nosso congresso. Sua disposição arquitetônica já traindo o espírito da casa. Aliás, desenho feito por arquiteto bem pouco democrático. Espaço feito para discursos ao vazio, para conchavos detrás de sombras, imensamente oco.
Em outro lugar....
O ministro discursa em posição "inferior". Ele fica em piso mais baixo que seus companheiros. Se coloca ao centro, todos os outros estão quase encostados nele. Fala cercado, de pé, e escuta apupos, vaias, perguntas feitas por quem está "acima" e próximo.
Me causa admiração sempre que vejo o congresso inglês. O ministro tendo de enfrentar os congressistas no olho a olho, cotovelos quase encostados, o ministro de pé em meio aos companheiros. Vaias e adendos, perguntas feitas a todo momento, com educação, mas na proximidade.
Só irei acreditar no Brasil no dia em que o congresso for reformado. Em que se derrubar aquela ridícula e ditatorial bancada. Precisamos dessa "Bastilha".