QUEM AMA A VIDA DEVE LER: PEQUENO TRATADO DAS GRANDES VIRTUDES- ANDRÉ COMTE-SPONVILLE, OBRIGATÓRIO!

Sponville é um filósofo francês, que se define como um metafísico materialista e um espiritualista sem Deus. Este livro, reeditado agora e absolutamente obrigatório, é uma aula, um texto claro, límpido, mas não pop, sobre o que sejam as tais virtudes, essa coisa hoje tão fora de moda, e portanto, tão necessária. Aqueles que gostam dos textos de Pondé ou de Calligaris irão descobrir aqui todo o prazer que seus melhores textos tem, porém, multiplicados por mil. Este livro é uma obra-prima.

Tudo o que transcreverei aqui é totalmente tirado daquilo que André Comte-Sponville escreve, apenas com a condensação de que me acho capaz. Como todo bom autor francês, ele adora desenvolver jogos de palavras, tem um estilo que vasculha tudo, que conduz o leitor aos recantos do assunto e melhor, surpreende sempre. Mostra que tudo é mais do que parece, mas, como amante de Montaigne, tudo é mais simples, em seu fim, do que nossa cega razão tenta crer. Montaigne, Aristóteles, e principalmente Spinoza, esses são os guias de Sponville. Ele sabe que de Kant em diante a filosofia se perde em construções feitas para turvar o que é claro e enganar com poeira aquilo que nada tem a demonstrar.

Virtude é aquilo que faz a vida valer a pena. É uma superação do instinto, uma melhoria do que somos. Ela nunca é natural ( talvez só o amor o seja ), é ensinada, jamais pelos livros, sim pelo exemplo. Toda virtude é o bem, sua ausência é o mal. Mais que isso, sem as virtudes a felicidade se torna impossível. Sponville escreve então 18 capítulos, cada um sobre uma virtude, e pasmem, me convence plenamente. Sua abordagem é sempre racional, lógica, objetiva.
Transcrevo aqui uma modesta fração de seus textos. Procure o livro, dê esse prazer a voce mesmo e aprenda a valorizar as virtudes.



1- A POLIDEZ

A menor das virtudes, é a base de todas as outras. Não existe virtude sem polidez, e a criança começa a ser virtuosa ao aprender a ser polida. Polidez é disciplina e não é moral. Um nazista pode ser polido, um assassino pode ser polido. Mas sem ela não há educação. Sacada de Sponville: os certinhos, polidos ao extremo, são crianças para sempre, crianças grandes e patéticas; a polidez deve ser quebrada na adolescência, quando ela dá lugar a autenticidade. E adolescencia prolongada é preferível a infancia adulta. A polidez é portanto a base de toda a virtude, mas uma base que deve ser violada ( às vezes ) e questionada ( sempre ).

2- A FIDELIDADE

O espírito é memória, pensar é sempre lembrar. O corpo é um presente constante, o corpo conhece o tempo, o espírito lembra. E se ele lembra, se ele vive na lembrança ( entenda, Sponville é ateu, espírito aqui sempre terá o sentido de vida interior ), ele será fiel ou perecerá.

Ser feliz é esquecer, mas é esse o objetivo? Ora, a dignidade do homem reside na memória, é ela que dá valor ao que fomos, ao que suportamos. Em mundo de ciência, a memória perde seu valor, pois a ciência não pode ter memória, ela pensa apenas o futuro e descarta o passado ( assim como o mercado faz ). Mas o homem é espírito pela memória e humano pela fidelidade.

Justiça é fidelidade dos justos, a paz é fidelidade dos pacíficos, liberdade é a fidelidade de espíritos livres. Esquecer é uma higiene, lembrar é uma moral. Memória do que? Memória do mesmo, um não a versatilidade e ao excesso. O ser se mantém na fidelidade a sí-mesmo. O eu, como tudo, é mudança, mas a fidelidade procura manter a identidade, o compromisso com aquilo que fui. Ela vence sempre provisoriamente, mas se recusa a desistir.

Gratidão pelo passado, piedade pelo passado, justiça ao passado. Fidelidade ao amor, esse é o sentido. Ser fiel é amar. Vontade, desejo de ser fiel. A filosofia é fiel, todo filósofo lê Aristóteles, Platão, se não o ler não pode ser filósofo. Fidelidade na arte. A ciência não pode ser fiel, nenhum cientista deve ou precisa ler Newton. Ciência é esquecer, tornar obsoleto.

A fidelidade é a vitória do espirito judaico sobre a razão nazista. O nazista encerrava todo o passado, criava o futuro biológico, cientifico; o judeu é a fidelidade ao passado, o amor ao passado, a crença na origem. Geometria jamais salvou alguém, nenhum remédio alegra.

Fidelidade parece conformismo. Será? Vejamos: se revoltar e esquecer o passado. Esquecer quem? Sócrates? Jesus? Buda? Montaigne? Spinoza? Ora, toda moral e toda cultura é passado, ela morre sem fidelidade.

Amor infiel é amor que nega o amor que um dia viveu. Amor infiel não é amor livre. É amor renegado, que detesta o que amou, que se esquece, que se detesta. "Ama-me enquanto desejares, amor, mas não nos esqueça."

3- A PRUDÊNCIA.

É a virtude mais esquecida. Pensa-se nela como um tipo de covardia. Não. Prudência é o fazer inteligente. Respeitar seu tempo, não se precipitar. Ser prudente é ser responsável.

4- A TEMPERANÇA.

Ter prazer sem se tornar escravo desse prazer, saber usar as coisas sem se enfastiar delas. Não é desfrutar menos, é desfrutar melhor. O destemperado é escravo de seu corpo e carrega seu amo consigo. O melhor, não o mais. Pão e água que não faltam ( quase sempre ), ouro e luxo que faltam sempre ( por mais que se tenha ). Poder da alma sobre o impulso, afirmação sadia do poder de se existir.

5- A CORAGEM.

Não há virtude mais admirada. Mas, ao contrário da temperança ou da doçura, que são admiradas apenas por aqueles que desejam ser virtuosos, os imbecis e os maus também admiram a coragem. Pois ela pode servir ao bem e ao mal. A coragem não é uma virtude em sí, ela pode se tornar e potencializar as outras virtudes. A coragem só é virtuosa quando desprovida de egoismo, quando não visa o aplauso, quando é sentida como um dever ao outro. O medo é egoista, a covardia é egoismo, são presos ao ego. A coragem virtuosa transcende esse ego, é a coragem de ser virtuoso.

Coragem é um ato, não um saber. Não se aprende, e não se é corajoso amanhã. Toda razão é universal, toda coragem singular, a razão é anonima, a coragem pessoal. Coragem é uma vontade, quem é corajoso deseja ser corajoso, paga o preço de sua coragem.

6- A JUSTIÇA.

Como a justiça seria a igualdade e a igualdade é impossível, a justiça é sempre aquilo pelo que lutamos. Ela existe no ideal, na fidelidade a esse ideal. A justiça é sempre virtuosa.

7- A GENEROSIDADE.

Ser generoso é um dom. Ninguém se torna generoso. Ser generoso não é ser solidário, voce pode ser solidário ao mal. A generosidade é mais que isso, é simplesmente dar, e dar é sempre ser livre, pois só damos aquilo que temos e não nos possui. A generosidade, se unida a coragem resulta em heroísmo, se unida a doçura dá em bondade. Todo generoso é feliz, pois ele é livre.

8- A COMPAIXÃO.

Compaixão é partilhar uma dor. Não é piedade, pois piedade é estar acima da dor do outro, a compaixão é horizontal. Compaixão é simpatia desinteressada, simpatia mesmo aos animais, simpatia àquilo com que temos deveres ( e temos sim deveres para com os animais ). Diferença entre ocidente ( masculino ) e oriente ( feminino ): no ocidente é "ama e faz o que queres", no oriente é "compadece-te e faz o que deves". A compaixão, como toda virtude, nos faz feliz, mesmo que as vezes pareça o contrário. Elas nos livram do medo, da raiva, da inveja, do ódio, do poder absoluto do ego. A compaixão, que é a mais dolorosa das virtudes, acaba por nos libertar.

9- A MISERICÓRDIA.

Perdoar não é esquecer, pois seria infidelidade ao passado. Perdoar é cessar de odiar, sem esquecer. A misericórdia nega um desejo ( vingança ) e vence um impulso ( o ódio ). Vencemos o ódio em nós, já que não se pode vencer o ódio no mundo. Misericórdia não é desculpar, desculpa-se o ignorante, o que se perdoa é sempre um mal. O perdão é então a liberdade. Livra-se do ódio aprisionador. O homem tem livre ação, mas não possui livre vontade, o perdão é uma vontade livre. Spinoza:" Os homens se detestam mais quando se imaginam livres, e tanto menos quando se sabem determinados". Malraux:" Julgar é não compreender. Se compreendemos não podemos julgar." Spinoza:" Nunca zombar, nunca chorar, não detestar, isso é compreender."

Aplacar o ódio possibilita a justiça e o castigo sereno. O mal passa a ser compreendido, mas jamais ignorado.

Dizem que o nazismo é incompreensivel. Isso é lhes dar crédito demais! Mozart é incompreensivel, Vermeer o é, mas as S.S.? Pois a vida seria racional e o ódio não? O nazismo não é razoável mas é real, portanto ele é racional. Podemos deixar de odiar os nazistas, mas jamais esquecer. Combater, mas combater sem ódio. Toda a virtude é esforçar-se nesse sentido.

10- A GRATIDÃO.

Só agradece quem não é egoista. Agradecer é prolongar um prazer. Gratidão é generosidade, desprendimento, é a música de Mozart: agradecimento a vida por se viver.

O egoista agradece para fazer invejosos. Guarda seu prazer em si, quem agradece espalha esse prazer. O egoista jamais reconhece o que deve. O grato dá o prazer de receber, reflete aquilo que lhe é dado. O egoista absorve sovinamente tudo, ele mata a alegria.

Voce agradece a alguém, virtude que confirma o outro, que une. Bach agradece, dá graças a seu dom, Mozart é a graça, graça de quem se sabe efeito e não causa, de quem é arrebatado e não senhor. A graça de existir sem o merecer, de ter o dom sem o pedir. A Ètica de Spinoza é isso. A graça de amar, a maior das alegrias.

11- A HUMILDADE.

Virtude invisivel, pois quem se gaba dela não o é. Filósofos não são humildes ( fora Montaigne ), pois se levam a sério demais. Ser humilde á amar a verdade sabendo que toda verdade é falha. Humildade é saber que essa falha existe e é nossa. Freud é um mestre dessa humildade. Conhecer-se como pequeno e reconhecer algo maior não é pequenez, que é se humilhar, se fazer baixo. O humilde reconhece sua fraqueza, sua tristeza, mas se afirma nela, a usa como força.

Mais vale uma verdadeira tristeza que uma falsa alegria. Orgulhosos vêm a humildade como humilhação.

Kant dizia que se ajoelhar na igreja é se humilhar. Será? Mendigar seria se humilhar. Será? Há algo para se condenar em São Francisco ou em Buda? Seria humilhação se ajoelhar diante de Mozart ou de Spinoza? O erro ( mais um ) de Nietzsche que confunde a falsa humildade do perverso com a verdadeira humildade. Descartes:" Os mais generosos são os mais humildes." Nietzsche:" A humildade é virtude de escravo, para os amos a humildade é desprezível". Mas o desprezo não é mais desprezível que a humildade? O que é mais ridiculo que a glorificação do eu-mesmo, o super-homem? Para que deixar de crer em Deus se é para se enganar a esse ponto? Por que quebrar todos os ídolos se é para se glorificar o eu?

Humildade é sinceridade, ou se ama a verdade ou se ama a si. A humildade leva ao amor, pois sem ela o eu ocupa todo o espaço. A humildade dissolve a prisão do eu. Somos tão pouca coisa, a humanidade é tão irrisória, como imaginar que Deus tenha desejado isso? A humildade, nascida da religião, conduz assim ao ateísmo: crer em Deus seria um orgulho.

Adendo meu: No Budismo, Deus é um vazio que não criou o mundo. Deus e mundo foram criados juntos. É a única religião em que se pode crer sem cair nessa armadilha do orgulho.

12- A SIMPLICIDADE.

O real se basta. O animal se basta. Ser simples é viver o hoje sem pensar sobre o pensamento. É o olhar, olhar as coisas e vê-las em sua simplicidade. Uma flor floresce porque floresce, nada há de oculto aí. Simples é o ser portanto. O contrário da vaidade, que é sempre presunção e toda presunção é sempre complexa.

A maior prova de inteligencia é simplificar ao máximo aquilo que é complexo. Como a má-fé é complicar uma idéia simplória. ( O que muitos artistas falsos fazem sempre e que impressiona os ingênuos ). A filosofia atual, que tudo complica, na verdade cria sistemas complexos para não poder ser refutada. Cria labirintos que nada explicam. Água rasa que é suja para não se ver sua falta de profundidade. Pois toda verdade é sempre simples. E simplicidade é o esvaziar do si. E o esvaziar do si é a base de toda virtude ( não há nenhuma virtude possível no egoismo ).

A simplicidade é o resgate da infancia que deveria ter sido e que nunca é. É a virtude dos sábios e a sabedoria dos santos.

13- A TOLERÂNCIA

É a mais perigosa das virtudes. Tolerar o que? Ser tolerante e não discriminar?

É este o capítulo mais espinhoso do livro. Mas André Comte-Sponville se sai muito bem. A tolerância deve ser ilimitada quando ela não coloca a liberdade em perigo. Voce pode discordar de um racista, mas ele pode ser tolerado enquanto não ameaçar a existência da própria tolerância. Um dado muito interessante: toda tirania começa pelo relativismo. Quando uma sociedade pensa que tudo tanto faz, que isso ou aquilo dá no mesmo, é aberto o campo para a verdade do mais forte, a tirania.

14- A PUREZA.

Eis a mais dificil virtude de ser apreendida. Porque a pureza não existe. Viver é ser impuro. Mas então que pureza virtuosa é essa? A pureza é uma luz. Sponville se recorda das meninas puras que amou na escola. Elas não eram assexuadas, eram luminosas, eram passíveis de serem maculadas.

A pureza hoje se confunde com higiene, profilaxia. Mas o limpo não é puro e o sujo não é impuro. Pureza é inocencia, do corpo e do espirito. Dado: Toda mulher que tem a coragem de relatar um estupro se queixa principalmente da sujeira do ato. Sexo impuro, casamentos impuros. Impureza seria então o fazer sem desejar. Vem daí: O coração é puro, só ele é puro e só ele purifica ( E eu digo: -Parabéns André!!!!!!!! Que belo pensamento, digno de Montaigne!!!! ). A saliva que é cuspida ao passar pelo coração é a mesma do beijo. O desejo que pode ser violencia se faz amor. Luz. Aquelas meninas seriam então coração.

Pureza é desejo sem violencia, desejo aceito e partilhado, desejo que sorri e que celebra. Mais: o impuro vê o mal em tudo, a sujeira em tudo, o puro vê o mal apenas no mal e a ele resiste. E impuro é tudo que se faz de má vontade. Amar com pureza é não possuir, aceitar a distancia, alegria desinteressada. O amor impuro toma, o amor puro dá. Toda pureza é pobre, pois ela vê a falta, a não-suficiencia, a não-posse. O puro nada possui, nada ganha, nada lucra, mas ele dá e nisso é feliz.

O egoismo pode ser amor, mas é amor impuro. Amar o próximo como a si mesmo é impossível para o ego. Mal não é amar a si, é amar apenas a si mesmo. O sexo é o império da impureza pois é onde mora a preocupação com o próprio gozo, com a submissão, com a posse, com amar o outro para o bem de si. Ser dono, procurar o que lhe é útil, amor que se faz objeto.

Amor Eros, amor que exige. Amor Agapé: amor que defende o outro, que é amizade, que goza no gozo do outro. Amor livre de nós, amor feliz.

Esse amor, essa pureza pode ser encontrada na arte. Arte sem cobiça, desinteressada, não egoista, humilde: arte pura. Tudo o que pode ser possuido é impuro ( dinheiro ), pois o coração não pode ser possuido. Nele o ego nunca manda. Simone Weil: "O amor casto é o amor que agradece: ele existe, que mais posso querer? É o amor do presente. O impuro se situa no futuro: eu o quero."

Desejar que esse corpo exista, e ele existe: eis a pureza!

15- A DOÇURA.

Força sem cólera. Ação sem agitação, sem impaciência: doçura. Recusa a fazer sofrer, a destruir. A doçura é parte de toda virtude, ela torna a coragem virtuosa.

Doçura na guerra? Simone Weil:" Digamos que o soldado x está na guerra. Ele mira o soldado y. Digamos que ele só poderá matar o soldado y se ele aceitar morrer ao mesmo tempo que ele. Se o soldado x mesmo assim desejar matá-lo ele poderá o matar."

Somente os doces podem exercer a violencia inocentemente. Os outros ( todos nós? ) não.

16- A BOA-FÉ

É o amor a verdade. Contrário do narcisismo, amar a verdade acima de sua opinião. Pois a verdade é livre, não pertence ao eu.

Transcrevo um trecho do capítulo sobre a gratidão ( cada capítulo tem em média 15 páginas e são deliciosos )....
A vida de quem se volta todo para o futuro é insensata. Nunca se saciam pois esperam por viver e quando lá chegam se decepcionam. O passado, como o futuro, lhes falta. O sábio regozija-se com viver e com o vivido. A gratidão é essa alegria da memória, esse amor ao vivido, tempo reencontrado, gratidão ao que foi. A morte, como bem o sabia Proust, é vencida então, pois ela não poderá nos tomar essa alegria, essa gratidão, esse amor ao cumprido. A morte rouba nosso futuro, e quem vive só para ele por ela é derrotado.
Considero esse trecho uma definição perfeita do valor do passado. Outro trecho:
O homem ideal para o reino da opressão não é nem o nazista convicto e nem o stalinista convicto, mas o homem para quem a distinção entre fato e ficção e entre verdadeiro e falso não existem mais. Esse homem se colocará a margem de todo movimento abrindo caminho para aqueles que estão no real.
Deixo os dois mais belos e longos capitulos para outra postagem: O humor e O amor.
Neste mundo cientifico o que se valoriza são as qualidades da máquina: rapidez, eficiencia, modernidade, funcionalidade e reciclagem. Todas são qualidades que nada acrescentam ao ser, seja ele espiritual, seja ele corpo. Abrem espaço para o oposto das virtudes, que são os antigos pecados capitais: orgulho, cobiça, avareza, luxúria, vaidade... todas, não por acaso, ligadas ao egoismo. Lembrar que existem as virtudes e que elas serão sempre válidas é o objetivo deste livro. Mais que válidas, são o caminho para o coração, única via segura de alguma felicidade.