DIA DE FINADOS- CEES NOOTEBOOM

Um homem anda por Berlin filmando aquilo que ninguém filma: pés sobre a calçada, pegadas na neve. Ele é holandês, calado, e adora a solidão. Mas tem 3 amigos, que costumam se encontrar em bar e filosofar sobre a vida e Berlin. Esse holandês conhece uma mulher misteriosa, com quem terá uma relação silenciosa ( o que não impede o sexo ) e a quem seguirá à Espanha. Ao final, ele descobrirá que o que filma é aquilo que jamais muda no tempo do mundo: sombras, pegadas, pedras, vento. Ele, que é viúvo, ansia pelo não-tempo, pelo que perdura.
Com esses temas este poderia ser um livro maravilhoso. Quase chega lá, mas não é. Pois se nos convencemos de sua profundidade, de sua sinceridade ( e de sua contemporaniedade ), nos desiludimos ao ler certos chavões que o texto exibe. Nooteboom escreve algumas linhas de banalidade absoluta, dignas de qualquer livrinho pseudo-artístico, e essas poucas linhas derrubam tudo de sólido e verdadeiro que o livro tem. Nos embrenhamos em toda aquela filosofia pessimista/atéia, e então somos desligados do encanto por frases tipo "Janelas com chuva como lágrimas de solidão"....
Nooteboom é inquieto, levanta questões pertinentes sobre politica, história e filosofia, mas escreve sem a altura que esses temas merecem. É tipico caso de autor de ambição maior que seu talento.
Cees Nooteboom está vivo e é" O" autor da Holanda. Este livro consta dos tais 1000 livros para ler antes de morrer. Waaaal... há melhores.