Ninguém enfrenta uma folha em branco se não possuir uma grande ambição. Seja de notoriedade, dinheiro, auto-satisfação, relevância.
James Joyce tinha a ambição de abarcar toda a complexidade do século XX. Marcel Proust queria desvendar o interior da consciência. Balzac possuia a ambição de expor toda a sociedade francesa de seu tempo, e Stendhal queria descobrir a gênese de nossos sentimentos. Tolstoi se propôs a tarefa de mostrar o dilema do homem perante sua existência e Eliot queria exibir o vazio espiritual do homem moderno ( e depois indicar sua redenção ). Todos eles tinham talento para cumprir sua ambição. Eles se deram uma missão e conseguiram "chegar lá".
Mas existe outro tipo de autor. O esbanjador. Aquele que se deu uma tarefa menor que seu talento. Este se torna um tipo de gênio do estilo, da maneira de escrever. Henry James era assim. Sua ambição era imensa, a de compreender o homem sem lugar, em transição, mas seu talento era tão vasto que ele poderia ter partido para vôos ainda maiores.
E existe ainda um terceiro tipo de autor. É aquele que se dá um titânico trabalho, mas que apesar de possuir talento, seu dom jamais consegue chegar às alturas de sua ambição. Lawrence é um exemplo dessa sina.
O que ele queria ? Escrever os grandes livros que mostrariam a decadência da civilização ocidental. Fazer o resgate da religião pagã, do xamanismo e do sexo como sagrado ritual de ligação do homem com a natureza. Seus livros têm tudo isso e conseguem nos fazer entender suas idéias. Mas ele é incapaz de nos fazer senti-las. Não sentimos ira, não ficamos desorientados, nada há de mistico ou mágico em sua escrita, e pior, lhe falta sensualidade. Isso porque Lawrence escreve mal. Ele se repete, anda em circulos, procura revelações e não as atinge. Falha. Ironicamente, o autor do sensualismo sofre de impotencia verbal.
Mas isso não significa que ele não seja ótimo. É invulgar, corajoso, ansioso, forte. Mas a ambição que o moveu ( como sucedeu também com Durrel, Heminguay, Fitzgerald ou Updike ) é muito maior que seu talento.
Talvez seja essa a maior infelicidade que um autor possa ter.
PS: Quem quiser conhecer Lawrence não leia este O Arco-Iris, vá direto a Mulheres Apaixonadas. Lá voce vai encontrar essa contradição Lawrenciana em seu máximo. Uma exuberãncia de ideias e de propósitos mesclados a uma certa incapacidade de estar a altura de seus propósitos.
James Joyce tinha a ambição de abarcar toda a complexidade do século XX. Marcel Proust queria desvendar o interior da consciência. Balzac possuia a ambição de expor toda a sociedade francesa de seu tempo, e Stendhal queria descobrir a gênese de nossos sentimentos. Tolstoi se propôs a tarefa de mostrar o dilema do homem perante sua existência e Eliot queria exibir o vazio espiritual do homem moderno ( e depois indicar sua redenção ). Todos eles tinham talento para cumprir sua ambição. Eles se deram uma missão e conseguiram "chegar lá".
Mas existe outro tipo de autor. O esbanjador. Aquele que se deu uma tarefa menor que seu talento. Este se torna um tipo de gênio do estilo, da maneira de escrever. Henry James era assim. Sua ambição era imensa, a de compreender o homem sem lugar, em transição, mas seu talento era tão vasto que ele poderia ter partido para vôos ainda maiores.
E existe ainda um terceiro tipo de autor. É aquele que se dá um titânico trabalho, mas que apesar de possuir talento, seu dom jamais consegue chegar às alturas de sua ambição. Lawrence é um exemplo dessa sina.
O que ele queria ? Escrever os grandes livros que mostrariam a decadência da civilização ocidental. Fazer o resgate da religião pagã, do xamanismo e do sexo como sagrado ritual de ligação do homem com a natureza. Seus livros têm tudo isso e conseguem nos fazer entender suas idéias. Mas ele é incapaz de nos fazer senti-las. Não sentimos ira, não ficamos desorientados, nada há de mistico ou mágico em sua escrita, e pior, lhe falta sensualidade. Isso porque Lawrence escreve mal. Ele se repete, anda em circulos, procura revelações e não as atinge. Falha. Ironicamente, o autor do sensualismo sofre de impotencia verbal.
Mas isso não significa que ele não seja ótimo. É invulgar, corajoso, ansioso, forte. Mas a ambição que o moveu ( como sucedeu também com Durrel, Heminguay, Fitzgerald ou Updike ) é muito maior que seu talento.
Talvez seja essa a maior infelicidade que um autor possa ter.
PS: Quem quiser conhecer Lawrence não leia este O Arco-Iris, vá direto a Mulheres Apaixonadas. Lá voce vai encontrar essa contradição Lawrenciana em seu máximo. Uma exuberãncia de ideias e de propósitos mesclados a uma certa incapacidade de estar a altura de seus propósitos.