O MAIOR NOME DO POP, ROCK, FUNK, SOUL E ESCAMBAU

Eu sou branco.
E no pop rola muito de identificação. Quando estamos começando a ouvir música, fechamos os olhos e nos imaginamos tocando aquela guitarra e cantando aquela letra. Nos vemos naquele cara. Mas porque estou falando isso? Ora, por mais que a gente não seja racista, acabamos pensando em brancos quando listamos os maiorais. Elvis, Dylan, Lennon, Bowie, Lou, Jagger.... E até quando falamos de grandes vozes esquecemos que antes de Van Morrison ou Bruce, existem 50 vozes negras beeeem melhores.
Leio um artigo de Peter Shapiro sobre o maior gênio da história do pop.
" Pop music não é voz, pop music é som. Desde quando Little Richard fez o piano soar como bateria, desde quando Elvis fez o country soar como uma banda de blues, quando o Velvet Undeground fez o rock soar como uma máquina repetidora ou o Kraftwerk deu ao pop a frieza de um programa matemático.
Mas ninguém mudou, criou, avançou e foi tão influente quanto James Brown. Ele é o cara que jogou a melodia no lixo e fez com que tudo ( guitarra, teclado, sax e trompete ) existisse em favor do ritmo. Brown cria o som de hoje, do futuro, de sempre. Dá à cultura negra orgulho de ser dona do ritmo, cria a primazia do som black, muda para sempre TODO o som pop. Faz do baixo e da bateria o centro, mostra que tudo é beat, groove, e no palco, inventa sózinho a performance, a dança desenfreada, o performer. Mick Jagger seria seu primeiro imitador, mas todo performer razoável tentaria o imitar. James Brown é o inventor do agora.
Ritmo como repetição sem fim, cadência que hipnotiza e leva ao transe. Brown já fazia som para raves em 1967. E tudo é fisico em seu som. Ele existe para mover, para fazer suar. E traz todo o DNA do rap. Em 1967 James Brown cria a batida de bateria do rap, e mais que isso, a batida que se escuta em Beck, em Stone Roses, em Happy Mondays, nos Chili Peppers, em Franz Ferdinand, em Beyoncé e Madonna, em Blur, em Prince, em tudo o que não é folk. Som pop sem funky beat, como faziam Beatles, Beach Boys ou Byrds, nunca mais.
A primazia da batida se torna o mandamento número um do pop. Primeiro o groove, depois a melodia ( se houver ). Tudo feito desde James Brown que não englobe influência de Brown se parece com saudosismo, fica branquelo demais, europeu em seu pior sentido. Azedo. Sem fire e passion.
Tudo que tenta ser novo bebe em fonte Sex Machine, I Feel Good, Papa Got ou Cold Sweat. Baixo que domina e leva adiante, bateria que repete a batida sem parar, guitarra que é arranhada e repercute como um bumbo, e a voz que é ritmo também. Música que repete o transe da aldeia africana, que vai ao âmago do espírito, que libera e liberta, que é transe.
E sobre o palco O Cara rebola, geme, grita, pula, salta, seduz e se exibe sem culpa. E tome Good God!, e tome AAAAAAh Yooooooou! e tome Get Up!!!!
Perto de James Brown, mestre criador do funk, do beat, do rap, do r and b, tudo empalidece. Tudo fica em seu morno lá lá lá lá ou yeah yeah yeah yeah. Enquanto o negão, father of soul, the godfather,manda seu OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOH !
Eis o number one.