Você um dia amarrou uma pedra à vida.
E o sapo, e o peixe e a serpente foram asfixiados em sua vida.
O sapo que se transforma, o peixe que mergulha na água, e a serpente que se renova.
Voce lhes deu uma pedra para carregar.
E sua pedra, dura/sólida/fria não tardará.
O vazio é uma casa/mosteiro. Pintada e de madeira.
O mundo é um lago onde a casa mora. Água ao redor da casa.
O velho e o menino.
O passado e o presente. O futuro nos dois.
Único modo de ser.
O desejo vem como consequencia. Sobre as águas calmas ele é febre. Cobras que se enroscam.
O desejo é vida e vida é ilusão. Etapa a ser vencida. Sabedoria sem servidão.
O desejo sempre vence. Ele se vai, fortalecido, voce fica, destruído.
A paz do lago está partida. O velho e o jovem são agora dois. A unidade se perdeu.
O mundo de coisas e de palavras chama.
O velho será serpente após o fogo.
O menino será o velho após o desejo.
O peixe será o peixe, o sapo será sapo.
E a pedra será carregada.
O cinema atual só é relevante no oriente. Kim-Ki Duk. Eis um grande cineasta. E mais que isso: um verdadeiro budista. Seu filme é um silêncio que procura um vazio. Não tem ação, apenas espera. Não tem furor, apenas quietude. Não tenta transformar budismo em filosofia existencial ( como fez Bertolucci em O Pequeno Buda ). Ele não olha o vazio de fora, como fizeram Hesse e Schopenhauer. Kim está inserido no vazio.
Conheço a casa cercada por água.
A minha era cercada por um pântano.
Após ficar, inutilmente desperdiçando tempo e fazendo nada, por várias horas lá, eu começava a sentir só o pássaro que voava, a formiga que passava e o capim que se movia.
Tudo que eu pensava era no suor que molhava minha testa e no cheiro da lama que vinha do córrego que serpenteava.
Aquele e aquilo era meu vazio onde eu nada fazia e nada era. Um que estava.
Nunca estive tão vivo.
Nada espere deste filme. Ele é um vazio. Nem bonito e nem feio, nem moderno e nem antigo, não é bom ou ruim, e não tem ação e nem é artístico.
É nada.
Mas perceba: A vida é uma casa em meio a um lago onde um velho assiste um menino.
Por mais que nos cerquemos por palavras, coisas e ações vãs, a vida é um espaço onde a serpente renova, o sapo transforma e o peixe mergulha.
Este filme é precioso.
E o sapo, e o peixe e a serpente foram asfixiados em sua vida.
O sapo que se transforma, o peixe que mergulha na água, e a serpente que se renova.
Voce lhes deu uma pedra para carregar.
E sua pedra, dura/sólida/fria não tardará.
O vazio é uma casa/mosteiro. Pintada e de madeira.
O mundo é um lago onde a casa mora. Água ao redor da casa.
O velho e o menino.
O passado e o presente. O futuro nos dois.
Único modo de ser.
O desejo vem como consequencia. Sobre as águas calmas ele é febre. Cobras que se enroscam.
O desejo é vida e vida é ilusão. Etapa a ser vencida. Sabedoria sem servidão.
O desejo sempre vence. Ele se vai, fortalecido, voce fica, destruído.
A paz do lago está partida. O velho e o jovem são agora dois. A unidade se perdeu.
O mundo de coisas e de palavras chama.
O velho será serpente após o fogo.
O menino será o velho após o desejo.
O peixe será o peixe, o sapo será sapo.
E a pedra será carregada.
O cinema atual só é relevante no oriente. Kim-Ki Duk. Eis um grande cineasta. E mais que isso: um verdadeiro budista. Seu filme é um silêncio que procura um vazio. Não tem ação, apenas espera. Não tem furor, apenas quietude. Não tenta transformar budismo em filosofia existencial ( como fez Bertolucci em O Pequeno Buda ). Ele não olha o vazio de fora, como fizeram Hesse e Schopenhauer. Kim está inserido no vazio.
Conheço a casa cercada por água.
A minha era cercada por um pântano.
Após ficar, inutilmente desperdiçando tempo e fazendo nada, por várias horas lá, eu começava a sentir só o pássaro que voava, a formiga que passava e o capim que se movia.
Tudo que eu pensava era no suor que molhava minha testa e no cheiro da lama que vinha do córrego que serpenteava.
Aquele e aquilo era meu vazio onde eu nada fazia e nada era. Um que estava.
Nunca estive tão vivo.
Nada espere deste filme. Ele é um vazio. Nem bonito e nem feio, nem moderno e nem antigo, não é bom ou ruim, e não tem ação e nem é artístico.
É nada.
Mas perceba: A vida é uma casa em meio a um lago onde um velho assiste um menino.
Por mais que nos cerquemos por palavras, coisas e ações vãs, a vida é um espaço onde a serpente renova, o sapo transforma e o peixe mergulha.
Este filme é precioso.