Frase de Thomas Mann: A Alemanha tem o direito de lutar por seus direitos de dominação e administração do planeta.
Frase de Freud: Eu dou toda a minha libido à Austria-Hungria!
Frase de Robert Musil: A guerra é bela e fraternal....
Alegremente, com sorriso no rosto e flores nas mãos ( dadas por belas moças ) soldados em 1914 foram fazer uma guerrinha logo alí. Pensavam que ainda era época napoleônica. Que se capturaria o general inimigo e se assinaria um pacto de não agressão. Quando abriram os olhos, após 4 anos de miséria, viram que dez milhões de jovens haviam morrido, e pior, que vinte milhões estavam destruídos para a vida, e pior ainda, que o mundo estava literalmente fodido.
Abriu-se uma chaga no psiquismo humano. O mundo ordenado de duques e condes, de burguesia que aspirava a ser "nobre" ruiu. O que veio foi a tomada de poder pelos revanchistas,´pelos radicais, pelos esquisitos. A Europa deixa de ser centro. Está esfacelada e dependente dos EUA. Fim.
Se o homem pode ser tão destrutivo e se a ciência pode ser tão danosa, se o bem que a era vitoriana anunciava era ilusório, e pior, se o europeu pode ser tão bárbaro quanto os povos dominados da África/Ásia; então tudo que nos resta é correr. Vamos beber, dançar, gozar agora, viver já, pois TUDO PODE SER DESTRUÍDO.
Pela primeira vez o homem vê o que significa DESTRUIÇÃO.
Arte e vida se tornam anúncio de destruição. Fé no homem, jamais outra vez.
Agora olho uma foto de outra guerra.
Nela, um grupo de judeus recèm libertos me olham. Livres de um lugar onde se matava industrialmente e com modos e motivos baseados na racionalidade. Eles me olham e mudos me acusam. A culpa não é dos nazis, nem dos alemães. Nazis e alemães são humanos como eu. A culpa é do mundo que construiu nazis e alemães. A culpa é do ocidente, da ciência, da filosofia, da arte, da América, de latinos e de nórdicos. A culpa é nossa.
Aniquilação final do psiquismo: o homem como monstro racional. A racionalidade como insensibilidade.
A segunda-guerra bateu forte demais. O mundo acabou alí. Hiroxima foi seu epitáfio.
Após o pesadelo o mundo acorda e nega esse sonho maldito.
Passado não mais. Eu e voce desistimos de pensar. Toda a velocidade à frente!!!!!
Se nós podemos construir uma máquina de matar e um matadouro humano, então só nos resta correr. NÃO SE APEGUE A NADA. NÃO ACREDITE EM NADA. TUDO É DO MAL.
Um amigo acabou de voltar da Europa.
Bacana, legal, aquele povo que festeja, consome e viaja por aí fazendo o bem em ongs.
Aquele insignificante povo, povo que sabe morar em lugar traumatizado, onde tudo é negação, onde se vive como bezerrinhos em boa manjedoura. Continente que morreu, sem futuro, onde tudo é um shopping de passado e um presente leve e irreal.
Que importância eles têm hoje?
O futuro se decide na América, na China, no Oriente.
Após a carnificina a Europa se tornou insignificante e irreal. Divaga em teorias, flerta com o nada, festeja a derrota. Moços e moças, tão bonitos, tão bonzinhos, tão sem destino, nada têm a acrescentar.
A terra de beethovens e de rembrandts é uma sala de azulejos e de aço: limpa, fria, onde se curam vícios, onde se dá um remédio.
A segunda-guerra nos aniquilou.
Europa é terra de impotências.
MAS.....
Há a taça de champagne bebida de manhã no campo francês. O sol nascendo e o cheiro das uvas no ar. Há para quem souber saber, o sabor do pão e da manteiga gordurosa.
Existe ainda um velho espanhol tomando sol na praça de Madrid. Ele ainda tosse e crê nos anarquistas. Mas esse velho fala entre ruínas. Quem passa é de pedra e de sal. Mas esse velho ainda fala e compra jámon na feira de rua. ( E como é linda a feira de rua ).
O Zé e o Luis ainda se jogam no rio Douro ( se fala Doiro ) na cidade que é um Porto. Ainda se pode fechar os olhos e ouvir as vozes que ecoam meus avós. "Ó Jórggge!", "Fala aí, ó Mánuel !!!"
Se voce souber ver existem migalhas de um mundo que já foi e ainda tenta o ser. ( Não consegue ).
Quando a primeira metralhadora disparou na Bélgica, não foram apenas vinte jovens franceses que morreram. Não foi apenas Jacques que deixou de beijar Marie, ou Ludovic que não mais escreveria à Isabelle. Aquela rajada fez com que eu não mais pudesse crer na bondade do homem, pudesse ter a certeza de que o mundo caminha para o bem e para a paz, e matou minha fé no cavalheirismo e na honra natural de todo bom cidadão.
Quando aquelas balas penetraram em Jacques e em Ludovic, penetraram em mim.
Que os olhares dos judeus me perdoem um dia.