O HOMEM ARANHA- STAN LEE, STEVE DITKO

Mais do que temos consciência, toda a minha geração foi afetada pelo Homem Aranha. Primeiro amamos o Super-Homem e o Batman. Mas ao travar contato com Peter Parker, Gwen Stacy e Mary Jane Watson tudo mudou. O Aranha de 70/76 ( que saiu aqui anos depois pela Ebal e pela RGE ) tocou em um nervo sensível. Garotos de 11/12 anos ficaram enredados.
Quando falo do Aranha, por favor, esqueça os filmes de Sam Raimi. Embora ele seja um fã fiel e real de Stan Lee, nada em nehum dos filmes faz justiça ao gibi. Primeiro porque Parker era um tímido forte. Ele era um cara forte que se sentia inibido. Papel para um jovem Robert Redford ou um jovem Brad Pitt. O ator que o faz daria um bom Osborn. E Mary Jane era uma pré-hippie alegre e ágil. Um tipo de Angelina Jolie.
Mas o principal, e aquilo que tanto nos marcou, é que o Aranha foi o primeiro contato com aquilo que pensávamos ser o tal "real mundo jovem". Peter vivendo em seu apartamento de solteiro, perdendo Gwen Stacy ( quem não amou e chorou com a morte de Gwen ? Aquele gibi foi histórico ), sendo paquerado por MJ e tendo problemas de emprego com JJ.... tudo aquilo nos encantava por ser real, de verdade. O que nos pegava não era a ação, era o cara por detrás da máscara. E eu me apaixonei por MJ. Como não amá-la?
De repente o Super-Homem parecia "coisa de criança". Mas, que chato, o Homem-Aranha não teve a sorte de encontrar no cinema seu Christopher Reeve. Reeve é o perfeito Clark Kent, misto de beleza e força, nobreza e timidez. Assim como Batman jamais achou seu Bruce Wayne ( na verdade achou. George Clooney nasceu para ser Batman, mas seu filme foi um desastre ). Bruce é misto de inteligência e raiva, um lord inglês com neurose. Keaton e o ator atual ( Bale sempre parece bronco ) não têm elegancia e jamais parecem ser inteligentes. Sorte do Homem de Ferro que achou seu ator ideal.
Esperar a chegada de novo número de Homem Aranha, com seu cheiro de tinta e seu formato grande era emoção de amor puro. Vejo hoje que eu não estava só. Para todos nós, antes dos livros de Dickens, dos filmes de Kurosawa ou dos discos de Dylan veio o Aranha de Stan Lee.