ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS de Tim Burton
Como Spielberg fez com Peter Pan, Burton resolve mostrar uma Alice mais velha. Coisa de bilheteria.
Difícil falar deste filme. Ele é totalmente calculado para agradar doidinhos-soft e psicodélicos-light. Burton fez um filme que usa personagens e título emprestados de Lewis Carroll, mas que negam tudo o que o autor inglês pregou. Ninguém é obrigado a filmar um livro ao pé da letra, mas é sim obrigado a respeitar o espírito da obra, a intenção do autor. E a única intenção de Carroll era o nonsense. O filme grita e implora uma gota de humor, não consegue. Burton continua preso ao darkismo mais convencional, é um emo cinquentão. O filme, belíssimo e vazio, é enfadonho. Chato em sua loucura fake e profundamente convencional. Tudo pede um toque de Terry Gillian. Alice torna-se assim uma chatíssima moça magrela e tuberculosa do século XXI. Os personagens, e o coelho é o mais mal entendido, tornam-se apenas bobos. Em Carroll eles são perigosos. O filme nada tem de perigoso.
O mandamento número um do livro era o de que nada nele poderia fazer sentido e nada poderia ter uma moral a ser demonstrada. Burton faz sentido e joga uma moral à história. Noto agora a dificuldade que Tim Burton tem com o sexo. Há alguma cena de sexo em algum filme dele ? Ele fez algum filme passado em nosso tempo ? Uma bela decepção este Alice. Apenas uma bonita sequencia de belos cenários com trilha sonora fraquíssima e perdida de Danny Elfman. Um equívoco que será amado pelos emos, góticos e moderninhos de butique. Nota 4.
O LEÃO NO INVERNO de Anthony Harvey com Peter O'Toole, Katharine Hepburn, Anthony Hopkins, Timothy Dalton, Jane Merrow
Um filme perfeito. Texto, foto, trilha e atores. Ele começa forte e não para de crescer até seu final exultante. É um filme que nos dá alegria, força, vontade de criar e de viver. Ele é grande. Comento-o mais abaixo. Nota DEZ !!!!!!!!!!!
ORGULHO E PRECONCEITO de Joe Wright com Keira Knightley, Mathew MacFayden, Rosamund Pike, Donald Sutherland e Carey Mulligan
Joe é bom diretor. Foi ele quem fez o excelente Desejo e Reparação. Aqui, em história de Jane Austen, ele acerta outra vez. Ao contrário de Burton, ele entende e respeita o livro, não se mete a fazer desconstruções e outras tolices. Ele compreende acima de tudo que no mundo de Austen o dinheiro manda no amor. O filme é uma festa. E o elenco se mostra a altura, principalmente Brenda Blethyn e Donald Sutherland, que fazem os pais das cinco filhas casadoiras. Um filme que diverte, emociona e não apresenta um só erro. Austen, Henry James e Dickens são adorados pelo cinema. Felizmente. Nota 8.
PAISAGEM NA NEBLINA de Theo Angelopoulos
Mais uma chance para Theo. Não dá ! Ele é muito chato. É a história de duas crianças procurando seus pais. Mal filmado, mal encenado. Nota Zero.
OS ASSASSINOS de Robert Siodmak com Burt Lancaster, Ava Gardner e Edmond O'Brien
Os primeiros dez minutos são coisa de gênio. Dois caras entram em lanchonete e prendem todos lá dentro. Os dois estão lá para matar um homem. Em termos de clima, fotografia e movimento de câmera é uma aula. Os dois acabam por matar o homem e o filme é a história do porque desse crime em flash-back. É um dos maiores clássicos do filme noir. Tudo nele é fatalidade, pessimismo, podridão e tem Ava, perfeita como a mulher muuuuuito fatal. Não é para ser apenas assistido, é aula de cinema. Nota 9.
A IDADE DA INOCÊNCIA de François Truffaut
O filme fez com que eu lembrasse do porque Truffaut ser tão famoso. Após o fracasso de Adele H, ele lançou este barato e simples filme sobre crianças e escola. Foi sucesso de crítica e estouro de bilheteria. É um filme paraíso : amamos as pessoas e aquela vila. Tudo é dirigido com leveza de poeta e com amor de anjo. Um filme para trazer alegria ao mundo. É pouco ? Nota DEZ.
QUATRO IRMÃS de George Cukor com Katharine Hepburn, Joan Bennet e Jean Parker
Baseado no classico de Louisa May Alcott, livro e filme mostram exemplarmente o modo como os americanos se viam e ainda tentam se ver. Kate está encantadora como a irmã mais estourada de uma família de quatro irmãs no norte dos EUA de 1865. Seus romances, suas tragédias, seus risos. O filme é bastante antiquado. Uma peça de museu. Mas é bonito. Nota 6.
TUDO PODE DAR CERTO de Woody Allen
É engraçado ver Larry David fazendo Woody Allen. E é bom saber que ainda existem filmes como este : adultos sem serem tristes. Se voce ama Woody ( e este é meu caso ) voce vai adorar. Se voce o detesta, fuja dele. Não é como seus filmes europeus, filmes que podiam agradar até os anti-Woody, este é o Woody de New York, cheio de palavras, amargo e engraçado, classe média, urbano, neurótico. Fica longe dos melhores filmes dele, mas nos faz lembrar do verdadeiro Woody. E eu adoro isso ! Nota 7