tom stoppard e marienbad

O ANO PASSADO EM MARIENBAD não tem atores. Alain Resnais ordenou que eles não atuassem. Posassem.
Não há movimento. Os atores não se movem. A câmera não pára de andar.
O filme não possui história e não é improvisado. Ele é rigorosamente racional, como Racine ou Diderot.
A música é apenas música, ela não comenta nem enfatisa nada.
Não há TEMPO. Os personagens não vêm de lugar algum, não irão há lugar nenhum. Só existem enquanto o filme existe.
O TEMPO não passa. O filme dura hora e meia, mas a história conta 3 segundos ou menos, que se repetem em várias situações.
O personagem central não é humano. É o palácio, que se torna o ser mais vivo, mais dramático do filme.
Ele nos hipnotiza. Nos irrita e assusta muito.
Alguns irão rir nervosos e atacar. Outros dormirão. Eu penso sem parar.
Há alguma magia aqui. QUAL ?
TOM STOPPARD disse em Paraty que prefere um bom western que um filme de arte mal feito. Esse é meu modo de pensar. O filme tem um propósito. Qual ? Se é fazer rir, é isso que cobro. Se é fazer pensar, que o faça!
Marienbad faz pensar. Não diverte e não emociona. Atingiu o alvo.