As pessoas têm a tendencia a confundir toda a arte com romantismo. Tolice! Os tempos sempre variam entre romantismo e classicismo, realismo ou simbolismo.
Vivemos uma era de romantismo covarde. Porque romantismo e porque covarde ?
É romantico porque escrevemos sem parar sobre o EU. O que eu sinto, eu fiz, eu penso, eu sou. Criamos um mundinho de espelhos voltados para umbigos gordinhos/inchados. Pensamos TODO o tempo : com quem vou transar? com quem vou amar? quem me dá valor? quem me escuta?
É covarde por ser um romantismo cauteloso, com para-quedas e antídotos para qualquer veneno. Nos cercamos de espelhos mas não nos entregamos à solidão radical do EU. Nos drogamos/entorpecemos mas com drogas testadas e conhecidas. Cultuamos o passado mas por falta de cultura é um passado recente, passado que na verdade é ainda presente.
Fugimos da realidade, a negamos covardes, mas essa fuga é estéril, não cria propostas de novos mundos ou novos modos de viver. Nos viciamos no pior do romantismo.
O artista, ou o mundo clássico é o oposto disso.
Sentir e olhar o mundo de uma forma clássica, é isentar o EU, esconder sua presença, não exibir sentimentos, não ser sentimental. Quando tomamos contato com a obra de um clássico, nos envolvemos com seu trabalho, com sua inteligência, mas não percebemos o que ele realmente pensa daquilo tudo ( e nem qual personagem é ele ).
MOZART é o exemplo do artista clássico. Compunha coisas geniais, mas jamais percebemos como ele se sente, o que ele pensa da vida ou da própria música. BEETHOVEN inventa o artista hiper-romantico. Todo o tempo sua música diz : EIS ME AQUI !
Um mundo clássico ( e ele existiu. na história do mundo ele é normalmente clássico ), seria um mundo onde o interesse maior é na sociedade, na natureza, na observação da vida e no agir em grupo. O eu é camuflado e exibir emoções é considerado de mal-tom.
Flaubert, Swift, Conrad são escritores clássicos. Goethe, Shelley, Proust são romanticos. Stendhal e Tolstoi conseguem um genial meio termo, assim como Faulkner e Balzac. Rimbaud é o romantico que morreu realista e foi radical sempre.
Penso na música pop e percebo que quase todos são romanticos. Exibem o eu como bandeira e feridas como totens. Mas há excessões. Penso em Brian Wilson, que escrevia canções solares enquanto afundava no caos. Penso em Bowie, que jamais se comprometeu com nada e nunca exibiu verdade pessoal nenhuma. Penso em Dylan, que se perdia de sí mesmo. E nos cronistas frios e distantes( e mesmo assim passionais, mas jamais umbigais ) gente como Cohen, Waits, Lou ou Iggy.
No cinema Renoir, Ford, Huston, Hawks, Kurosawa, Godard, são exemplos dos não-romanticos, enquanto Visconti, Fellini, Bergman, Truffaut, Woody Allen têm total comprometimento com o eu.
Escrever um blog é em 99% das vezes um ato romantico. Tento manter o pudor clássico. É isso.
Vivemos uma era de romantismo covarde. Porque romantismo e porque covarde ?
É romantico porque escrevemos sem parar sobre o EU. O que eu sinto, eu fiz, eu penso, eu sou. Criamos um mundinho de espelhos voltados para umbigos gordinhos/inchados. Pensamos TODO o tempo : com quem vou transar? com quem vou amar? quem me dá valor? quem me escuta?
É covarde por ser um romantismo cauteloso, com para-quedas e antídotos para qualquer veneno. Nos cercamos de espelhos mas não nos entregamos à solidão radical do EU. Nos drogamos/entorpecemos mas com drogas testadas e conhecidas. Cultuamos o passado mas por falta de cultura é um passado recente, passado que na verdade é ainda presente.
Fugimos da realidade, a negamos covardes, mas essa fuga é estéril, não cria propostas de novos mundos ou novos modos de viver. Nos viciamos no pior do romantismo.
O artista, ou o mundo clássico é o oposto disso.
Sentir e olhar o mundo de uma forma clássica, é isentar o EU, esconder sua presença, não exibir sentimentos, não ser sentimental. Quando tomamos contato com a obra de um clássico, nos envolvemos com seu trabalho, com sua inteligência, mas não percebemos o que ele realmente pensa daquilo tudo ( e nem qual personagem é ele ).
MOZART é o exemplo do artista clássico. Compunha coisas geniais, mas jamais percebemos como ele se sente, o que ele pensa da vida ou da própria música. BEETHOVEN inventa o artista hiper-romantico. Todo o tempo sua música diz : EIS ME AQUI !
Um mundo clássico ( e ele existiu. na história do mundo ele é normalmente clássico ), seria um mundo onde o interesse maior é na sociedade, na natureza, na observação da vida e no agir em grupo. O eu é camuflado e exibir emoções é considerado de mal-tom.
Flaubert, Swift, Conrad são escritores clássicos. Goethe, Shelley, Proust são romanticos. Stendhal e Tolstoi conseguem um genial meio termo, assim como Faulkner e Balzac. Rimbaud é o romantico que morreu realista e foi radical sempre.
Penso na música pop e percebo que quase todos são romanticos. Exibem o eu como bandeira e feridas como totens. Mas há excessões. Penso em Brian Wilson, que escrevia canções solares enquanto afundava no caos. Penso em Bowie, que jamais se comprometeu com nada e nunca exibiu verdade pessoal nenhuma. Penso em Dylan, que se perdia de sí mesmo. E nos cronistas frios e distantes( e mesmo assim passionais, mas jamais umbigais ) gente como Cohen, Waits, Lou ou Iggy.
No cinema Renoir, Ford, Huston, Hawks, Kurosawa, Godard, são exemplos dos não-romanticos, enquanto Visconti, Fellini, Bergman, Truffaut, Woody Allen têm total comprometimento com o eu.
Escrever um blog é em 99% das vezes um ato romantico. Tento manter o pudor clássico. É isso.