ROXY MUSIC E KEVIN AYERS

Foi o Roxy Music a banda que mais escutei na minha vida.
Uma banda estranha!
Phil Manzanera era um guitarrista de rock progressivo. Andy MacKay, um sax que adorava o pop dos 50. Paul Thompson, um baterista que tocava forte.
E Eno. Com seus barulhinhos, seus ambientes.
Bryan Ferry era um fã de Otis Redding que soava como Elvis cantando Bob Dylan.
O Roxy, da grande fase, era isso: uma improvável mistura que funcionava.
Com Bowie e Bolan, eles destruíram a imagem machona que o rock tinha, e trouxeram controle e frieza para o pop. Ao contrário de Morrison ou Lennon, eles não se expunham no palco, eles interpretavam ( Jagger e Dylan também fingiam, mas na época ninguém sabia ).
Os discos desse heróico Roxy, anunciavam o futuro ( anteciparam Talking Heads, Joy Division, Radiohead, Coldplay...).
Discos mlancólicos, mas jamais desesperados.
Belos. Porém sem afetação.
Pois bem...
Ano passado descobrí Kevin Ayers.
E quem ele é?
Um inglês de Canterbury ( e isso significa muito ).
Em 60, aos 20 anos, enquanto os Beatles ainda cantavam yeah yeah yeah, e os Stones moravam em Londres, Kevin já cruzara toda a Europa de carona. Experimentara viagens quimicas e morava em Ibiza, lançando a moda das festas psiodélicas na praia ( pré-pré-pré raves ).
Seus discos antecipam Roxy- Bowie-Bolan.
São um relaxado mix de Gainsbourg, Kurt Weill, Rock lisérgico e Velvet Underground.
Em 72 ( antes de Ferry) ele já se apresentava de smoking ( tuxedo ) e era o extra-cool dos cools.
Sua voz lembra Leonard Cohen e suas letras são piadas de non-sense ou romances baratos.
Kevin é surpreendente, viciante, indolente.
Ouça e sinta prazer.