SEXO E RISOS
Eu tinha 30 anos quando vi meu primeiro filme pornô. Era um dvd explícito. Fiquei chocado. Espantado com a tristeza daquilo. O sexo parecia em luto. ---------------- Uma amiga estava me contando, ela é jovem, de uma experiência sexual dela com um homem da minha geração. Ela adorou mas riu muito por causa das coisas que o homem falava. Foi então que me veio essa constatação: educados sexualmente com a Playboy, as piadas do Juca Chaves e do Costinha e as pornochanchadas brasileiras e italianas, minha geração vê o sexo como deboche, esbórnia, piada, carnaval de salão. Para nós o sexo foi vendido como ato de rebeldia, mas rebeldia alegre, adolescente, um alívio. ----------------- Minha amiga me diz que hoje não se brinca com sexo. É coisa séria sim. Não se ri no pornô atual. Se sofre. Se "come" a mulher. É tudo urgente. Há tensão. Há agressão. O prazer está no gozo, na ejaculação e nunca no riso, na brincadeira. ----------------- A transformação do sexo em ato sem alegria foi mais uma etapa da amortização da rebeldia no mundo. Um povo triste e com medo é fácil de ser dominado. Gente sem riso não pensa em mudar nada. Se submete à dor e a rotina. Por isso temos hoje um rock sem força, cinema sem hedonismo, arte sem sensualidade e até o sexo, veja só, sem risos. Para minha geração sexo será sempre uma alegre sacanagem.