VOU FALAR SOBRE UM PAÍS BEM AMARRADO
Desde a redemocratização, já se vai quase meio século, há no Brasil apenas uma ideologia, a da mentira. Mantendo o povo mal educado e mal informado, joga-se nele, via televisão e música popular, a ideia de que ser brasileiro é um privilégio, de que somos os mais felizes, malandros do bem e que ser pobre vale à pena, porque pobre transa melhor, vive mais feliz, é livre. Observe que o governo nunca fala que o pobre deixará de ser pobre, mas sim que ele irá comer carne e andar de avião. MESMO SENDO POBRE. Há um desejo no poder para perpetuar a condição do Brasil para sempre, o nordeste deve ser o mundo de Jorge Amado forever, o Rio o paraíso de bicheiros e sambistas que gingam, a favela uma democracia de gente amiga e a praia uma alegria onde todos são iguais. --------------------- Não há a menor vontade de enriquecer o povo, inclusive se jogando às massas a ideia, ótima para quem já é rico, de que ser rico é um crime. Tudo leva a imobilização. Mas pode ser ainda pior, criou-se a esmola como direito de todos e o brasileiro, quase a metade deles, vive da esmola estatal, sendo assim um povo sem esperança que sobrevive de migalhas e é treinado a não ambicionar nada mais que uma cerveja e algo pra comer. O clube fechado que governa o país, banqueiros, meia dúzia de industriais, a Rede Globo, Folha e agora o tráfico de drogas, tem como testa de ferro políticos profissionais, que vão de Sarney à FHC, de Collor à Lula, de Serra à Neves. Um grupo que finge se opor mas que desejam o mesmo e agem do mesmo modo: o estado deve ser rico, o povo pobre. Para isso apadrinham artistas prostitutas que divulgam a alegria de ser o que se é: um bicho amestrado. Colocam aos pretos o direito de ser favorecido em concursos e vestibulares, mas não lhes dão nada para os fazer sair da favela, da periferia, das garras dos traficantes. O pobre cursa uma faculdade ruim e descobre que seu destino é dirigir um Uber. ------------------ O brasileiro não pode, nunca pode, ter a iniciativa de um americano, a educação esmerada de um japonês ou as chances culturais de um alemão. Não porque somos menos que eles, mas porque DEVEMOS NÃO SER COMO ELES. O poder entendeu que um povo fragilizado é facilmente dominado. Para sempre. E para o fragilizar é preciso o acostumar a pedir esmolas ao estado, sentir-se em casa na miséria, e fazer com que ele tema toda e qualquer mudança. Pois o mais trágico é que o brasileiro SE ACOSTUMOU tanto a ser miserável que não deseja mais crescer, tudo que ele quer é poder ficar onde está. Na cloaca. ------------------ Não há mais saída. Não há onde se enganar. Esperem mais um ano e verão onde vamos estar.