A COVID E A FALTA DE RESPEITO PELA HUMANIDADE

Era um sábado e eu estava andando numa imensa avenida, sem máscara. Onze da manhã, tudo fechado. Eu pagava pra ver. Eu sabia, usando aquilo que aprendera na escola, nada demais, que vírus são infinitamente menores que tecidos de pano, e que as máscaras eram somente placebo, modo de tranquilizar mentes doentias. Mas eu percebia, raciocinando, que algo não batia naquela história. Eu via muitos pedreiros trabalhando nas construções. Sem máscaras. E nas favelas os bares não fechavam. Gente bebia à vontade. Será que eles estavam morrendo? Eu percebia o pavor paranoico no olhar de pessoas que eu julgava racionais, um medo de morrer que beirava o grotesco. As pessoas abriam mão de sua nobreza em troca de uma segurança ilusória. Foi um momento vergonhoso na história da dignidade humana. Foi quando as pessoas provaram como em sua maioria nada são de muito especial. Apenas bichos apavorados. ------------------------ Usou-se muito a palavra empatia. Sem saber o que ela significa. Empatia é sentir a dor de uma criança que morre de fome na Namibia. É a solidariedade não necessária, ser amoroso a alguém que sofre um sofrimento que não te atinge, é ato voluntário. A empatia da Covid foi medo de ser contaminado. Confundiu-se empatia com covardia. ------------- Vivo com mãe de 84 anos, eu jamais usei alcool gel. Saí todos os dias para passear, todos os dias. E não a contaminei. Sorte? Não, não fui irresponsável, fui apenas racional. Não joguei no lixo um orgão que levamos milhões de anos para desenvolver. Quem usou seus neurônios sabe do que falo, mas para os usar, em 2020, 2021, era preciso coragem. A Covid provou a mim mesmo que sou corajoso. Mas nunca temerário. --------------------- Quanto às vacinas. Sim, fui obrigado e tomei duas doses a contragosto. Uma quase me matou. Senti as piores dores da minha vida. Sei hoje que estive perto da trombose e proibi minha mãe de a tomar. Ela tomou a inofensiva vacina Doria. De qualquer modo, só nos vacinamos em 2022. Devemos ter pego o virus antes. E mal o percebi. ------------------------ A pandemia acabou como tinha de ser. Como toda gripe termina: o corpo se adapta ao novo virus e ele fica inofensivo. Basta ler e pensar para saber isso. Mas o planeta foi tomado pelo histerismo e essa febre de pânico nunca mais saiu de nossos ombros. Tudo hoje é medo. Tudo é fim de mundo. Isso porque os crápulas do poder sabem que o modo mais barato de dominar a massa é a deixar em estado de pânico. Elas pedem socorro. O crápula finge ajudar. AS PESSOAS MAIS HONESTAS FORAM CHAMADAS DE IRRESPONSÁVEIS SEM CORAÇÃO. Não. Elas só queriam diminuir seu medo irracional. -------------------------------- Conheci 2 pessoas que, dizem, ter morrido de Covid. Uma eu sei que foi do coração. A outra era um amigo que viveu o tempo todo trancado em casa. Apavorado. Tenho uma prima que até hoje evita ir à rua. Empobrecemos. Emburrecemos. E creia, a humanidade perdeu toda sua fé em si mesma. E os crápulas não sentem mais nenhum respeito por nós.