ARTHUR RIMBAUD

Leio os poemas de Rimbaud em tradução de Ledo Ivo. Como não se impressionar? -------------- Rimbaud foi um estudante de notas altas mas que logo fugiu da escola para cair na estrada. Fugia. Fugia de casa, fugia da máe, fugia de tudo. Fugiu de Verlaine e depois fugiu até mesmo de seu dom, a poesia. Ele escreveu toda sua obra antes dos 19 anos e viveu até os 39. Na segunda metade da vida foi trabalhar na Africa e nos países árabes. Traficava armas. Corria risco de vida todo o tempo. Entrava em nações onde branco nenhum havia estado. Conheceu rios e florestas que não estavam nos mapas. Sempre por um fio, sua vida era uma aventura sem saber que era. Calor, insetos, febres. Suas cartas provam, ele sofria. Mas era a vida que quis. --------------------- Sua obra? A obra de um gênio. Jim Morrison e Patti Smith o cultuaram. Mas qualquer adolescente rebelde é Rimbaud. Ele escrevia fácil, escrevia claro, sentia forte mas nunca parecia um fraco. Era menino vaidoso, que zombava, que chamava pra briga, que xingava. Puro narciso. E tomado pelos deuses. Sua poesia é da raiva. Da vida, um fogo. O Barco Èbrio é assombroso, mas eu adoro o Cabaret Verde. Rimbaud prega o excesso, tudo muito, tudo demais, sem medo. Ele não ia, megulhava. Não sentia, se afogava. Para nosso tempo, tão xoxo, tão em cima do muro, Rimbaud é uma ofensa.