KIKI'S PARIS - BILLY KLUVER, JULIE MARTIN
Nunca esqueci. Foi em 1990 que no jornal saiu uma matéria de páginas sobre Kiki de Montparnasse, prostituta e musa da geração modernista da Paris que não existe mais. O livro, luxuoso, mostrava em texto e fotos, como era viver naqueles lugares entre 1910-1930. Claro que estão todos lá, Picasso, Cocteau, Matisse, Apollinaire, Breton, os Ballets russo e sueco, Stravinski, Satie, Buñuel, Clair, Masson, Duchamp, Man Ray, e tantos mais. Em dois bairros viviam ao mesmo tempo toda aquela gente que inventou aquilo que era chamado de moderno. As fotos, de bares, ruas, ateliês, exibem seus rostos roupas, modelos nuas, palcos, ações eternas. O livro é acima de tudo uma ode à vida, um elogio à arte de viver. ---------------- Na época de seu lançamwento eu não o comprei, era muito caro. Encontro-o 34 anos depois, num sebo, a preço muito baixo, pois ele sofreu um desastre, foi molhado. As páginas estão coladas e eu as descolo com cuidado, salvando 100% do volume. O que mais sobressai são as vidas de 3 artistas não tão famosos como Miró ou Brancusi. O japonês Foujita, que era herdeiro de uma fortuna no Japão e foi para Paris aprender pintura. Nunca mais voltou e se tornou famoso e rico por trabalho próprio. Impressiona ver seu estilo em 1920, suas roupas e seu cabelo seriam modernos ainda em 2024. Irriquieto ao extremo, apaixonado por seus carros de luxo, ele está em toda foto, todo canto, toda festa. Outro é o polonês Kisling, duelista, ousado, emocional, energia sem fim. O rosto, bonito, rebelde, tem algo de extinto: um homem de verdade. E o sueco Krohg, outra figura não tão famosa, mas que na época era centro do grupo nórdico. --------------- Eu não sei se voce conseguirá achar este livro em modo físico. Mas vale muito a pena. Por detrás de toda beleza, ele nos mostra a alegria de criar e de ousar.