NIGHT AND THE CITY ( SOMBRAS DO MAL ), UMA PEQUENA OBRA PRIMA DE JULES DASSIN
É 1950 e estamos em Londres. Cenas maravilhosas de uma cidade ainda cheia de quarteirões destruídos pelas bombas nazi. Vendedores de rua, crianças malandras, taxis soturnos, sombras, becos escuros, vielas, escadas. Bares mal frequentados e minúsculos lugares para morar. Harry Fabian se move, sempre correndo, nesses lugares. Ele foge de credores, foge de ex amigos, foge da realidade. Fabian sonha, ele quer ser grande. Rouba a esposa para jogar, rouba amigos porque tem um novo grande plano, ele se vira, se vira mal. A esposa é Gene Tierney, virtuosa e não há atriz mais bonita que ela. Nunca houve. E Harry Fabian é Richard Widmark e nunca houve ator com um rosto tão gatuno, tão pouco confiável como Widmark. Este é o filme de sua vida. Sua atuação é exultante. Basta a cena final, na rua, sua expressão consegue misturar o desamparo de uma criança com a esperteza arruinada de um bandido de quinta categoria. É inesquecível. ---------------- Fabian tem mais um plano, luta livre, entrar nesse mercado e então ficar rico. Pega dinheiro aqui e ali, passa a perna no grego que domina o negócio, consegue enganar o dono do bar onde faz bicos, um gigantesco Francis L. Sullivan, mas então...o azar...o maldito azar....------------------- Jules Dassin se sentia Harry Fabian em 1950. Fora filmar na Inglaterra para fugir do MacCartismo. E não havia em 1950 nenhum diretor americano melhor que Dassin. Ele era ousado, veloz, esperto, ele era Fabian. Depois deste filme sua carreira se faria europeia. Grandes filmes feitos na França, na Grécia e na Italia. USA nunca mais. Este Harry Fabian deu certo, mas aquele, o Harry londrino, ele fugiu e como fala na última fala: eu fugi da policia, dos ladrões, de meu pai, de todo mundo...minha vida fou uma fuga. ----------------Que belo filme!!!!!!!!