MUITO GRATO, JEEVES - P.G. WODEHOUSE. O MUNDO COMO DEVERIA SER.

Leio meu quarto livro sobre Jeeves, desta vez uma edição rara da editora Record de 1975, totalmente fora de catálogo. Uma das provas de nossa incivilidade latino americana é o fato de que em 2010 a Globo tenha lançado apenas 3 livros da série de Jeeves e Wooster, do genial Wodehouse. Após passar horas maravilhosas em companhia das criações de Wodehouse, pesquiso sobre sua vida e vejo que ele foi tão aéreo como Wooster. Viveu até mais de 90 anos, foi casado por 70 anos, genhou fortuna com seus livros tendo já nascido na alta classe média britânica. Wodehouse é uma instituição inglesa, tão amado como Agatha Christie, Tolkien e James Bond. ( Ou eram amados, já que a Inglaterra pós anos 90 luta para ser cada vez menos Inglaterra e cada vez mais California ). Mas voce deve estar perguntando: Jeeves? Wooster? Quem são? ------------ Wooster é um jovem rico inglês, o tempo é mais ou menos entre 1935-1940, e Jeeves é seu mordomo. Wooster é um idiota, um cara que é chamdo pela tia de "cara de bacalhau sobre uma mesa de peixaria" e pelos amigos de coisas como "idiota", " parvo" ou "cachorro na hora que deixa o osso cair no bueiro". Mas Wooster é feliz e se envolve em trapalhadas totalmente aleatórias. Um ex colega de escola que perde a noiva, um outro que deseja ganhar uma eleição, um diário que desaparece. Wooster se afunda cada vez mais em erros e Jeeves, o mordomo, o salva na hora H. Jeeves é culto, calmo, frio, e sabe tudo que a vida exige que se saiba. É um mundo sem doenças, sem pobreza e sem risco real. É o mesmo mundo dos musicais de Astaire e Rogers. Um mundo de escapismo, mas atenção, escapismo feito com supremo talento. A opinião geral é a de que Wodehouse tem um dom poético e que o que ele escrevia era poesia cômica. Suas histórias lembram os intermezos shakespearianos, mas com a linguagem esperta, a gíria, a leveza da Inglaterra pós Hollywood. --------------- Ler Wodehouse é entrar em um mundo que nos faz sorrir por todo o tempo. Nós adoramos todas aquelas pessoas com nomes sonoros e hilários e apesar de Wooster nos irritar às vezes, é sempre uma pena terminar um de seus livros. O mundo seria melhor se mais escritores fossem como Wodehouse.