MAN ON THE RUN, PAUL MACCARTNEY NOS ANOS 70 - TOM DOYLE ( VAMOS FALAR DE MACONHA? )
Quem me conhece sabe que sou fã de Paul desde os meus doze anos, 1974. E que antes disso eu ouvia Uncle Albert no rádio e a adorava. Li a bio de Paul duas vezes, mas ela vai apenas até 1970. Neste livro tomamos conhecimento de sua vida a partir do fim dos Beatles. ----------------- Ringo Starr disse recentemente que Paul é um maníaco por trabalho e que os outros três eram bem preguiçosos. A vida pós Beatles prova isso. John tirou férias de cinco anos, George produziu muito pouco após fazer 40 anos e Ringo...é Ringo. A banda acabou porque Paul queria produzir sem parar e principalmente porque os outros três queriam viver sem preocupações e por isso colocaram Allen Klein, um cara que havia roubado os Stones, para cuidar do dinheiro da Apple. Paul não quis assinar com Klein e isso foi a pá de cal. ------------------- A imprensa, como sempre faz, criou uma narrativa. Paul se tornou o vilão, o cara que acabou com a banda. O cara que só queria dinheiro. Em depressão braba, Paul foi morar com Linda, filhas e um monte de bichos no norte da Escócia. Numa fazenda onde a casa tinha apenas dois quartos sujos, sem aquecimento e dormindo em colchões no chão. É aí que percebemos hoje a verdade, Paul era muito, muito hippie!!!!! ------------------ Trabalhando com um trator, ele e Linda passavam os dias cultivando legumes e fumando quilos de maconha. Os primeiros discos, simples, até mesmo toscos, são hinos à simplicidade hippie. Mas há mais! A primeira turnê, após formar os Wings é a coisa mais bicho grilo imaginável. Viajando de ônibus, eles aparecima pela manhã numa universidade e diziam ao reitor: Olá, sou Paul e gostaria de tocar aqui amanhã.... Os shows, sem produção e longe da imprensa, eram nos refeitórios, para 500 alunos. Mais engraçado, o dinheiro era dado em moedas dos estudantes e dividido para os caras dos Wings. A imprensa logo começou a os perseguir e a coisa perdeu a graça. ------------------ Quero falar agora de maconha. Não me dou bem com ela. Me deprime. Mas há asniosos que se sentem bem. Mas é inegável que a longo prazo ela diminui a ansiedade boa, aquela que faz o artista se inquietar. Críticos sempre teceram hipóteses do porque Paul ter perdido seu elan criativo, ter se acomodado num POP inofensivo. Ora, Paul não é o único. Vários artistas perderam sua carreira por causa de cocaína ou alcool e outros se tornaram acomodados ao se render à fumaça. O reggae é tão igual não por outro motivo. ------------------ Fico pensando no que Paul poderia ter feito se não houvesse amado tanto a erva. O cara que em 1966 parecia ser o Mozart do POP, ou pelo menos o Burt Bacharach do rock ainda fazia grandes discos ( RAM e Band on The Run ), mas ao mesmo tempo perdia anos produzindo dúzias de músicas sem nenhuma ambição. Seu vício em trabalho nunca foi arrefecido, ele sempre produziu canções e shows sem parar, mas sua criatividade perdeu oxigênio. A angústica da arte, a ansiedade da perfeição se foram. -------------- Mas talvez sem a maconha o peso de ser um Beatle o teriam esmagado. Quem sabe?