A CABALA, E A PRÁTICA DO MISTICISMO JUDAICO - RABINO DAVID A. COOPERrelgi

Se voce acha que neste post irei falar e descrever técnicas cabalísticas, esqueça. Também não falarei sobre o Genesis na visão da Cabala, posso dizer que é fascinante. Isso porque me sentiria mal em propagar de forma condensada algo que permeia nossa cultura de modo tão brilhante. O que direi então são impressões que sinto o desejo de aqui deixar. --------------------- Um fato: 6 milhões de judeus foram mortos entre 1934-1945. Os primeiros da fila foram os judeus "mais judeus", ou seja, os rabinos. Toda uma sabedoria antiga foi extinta. Isso não é tema de filme new age sci fi, é fato. Perdemos o contato com uma tradição que se mantinha no boca a boca. Um rabino instruia discípulos, a corrente se quebrou, mais que isso, desapareceu. Isso é irrecuperável. Jamais saberemos o que se perdeu. E para os ateus, a cultura judaica que era predominante em certas regiões da Europa se perdeu para a eternidade. -------------------- Cultura judaica? Lendo este livro voce percebe logo que de todas as religiões nenhuma tem maior amor ou fetiche por livros que a judaica. Tudo que é amado vem em forma de verbo, verbo escrito. Eles estudam páginas escritas, repetem leituras, interpretam, e cada leitura, cada nova interpretação é mais uma verdade. A nova leitura não anula a leitura antiga, ela a aumenta. Para o povo de Israel, sua obra é um livro que nunca se termina de ler. ------------------- Lendo-o sentimos o quanto toda a doutrina de Freud é uma versão da religião judaica. Sua investigação da mente é uma leitura da Torá. Anjos de demonios, as 7 camadas da alma, tudo recebeu nomes como ego, Id e superego. O psicanalista é o rabino do cérebro. --------------------- Nietzsche errou feio, foi preconceituoso. Nada há aqui de "glorificação da covardia, do escravo, do manso". O judaísmo prega o bem e a caridade, e nada há de errado nisso. O mal existe, mas mesmo o mal tem sua centelha de Deus. Cabe ao bem trazer o mal para seu lado. Mais não vou dizer....---------------------------- Encerro esta muito breve explanação ( mas como!!!!! voce não vai falar de Adão? Do que é o paraíso? Da vida pós morte? Não, não falarei ), recordando uma cena da infância de todos nós: No seu jardim, ou na praia, ou na rua, voce tinha 7 anos de idade e eram as férias de verão. Com uma bola, voce brincava a chutando para o alto. A bola, azul e branca, brilhava ao sol e todo o lugar parecia ser iluminado por um brilho que voce jamais viu outra vez. Sua mente, focada na bola e ao mesmo tempo aberta para o ambiente, não se perdia no pensamwento de que em duas semanas as aulas iriam voltar. Sua mente não pensava no mês em que voce teve febre e foi internado. Sua mente estava onde ela sempre está, no agora e no aqui. Esse é o começo da entrada na sabedoria e no céu: o aqui e o agora. Toda nossa infelicidade vem do viver fora do lugar, ou seja, viver lá e adiante, lá e ontem. ( Penso na infelicidade absoluta do smart phone que está sempre te levando para lá e além e te arranca do aqui e agora ). TODOS os momentos de sua vida que valem a pena foram vividos no presente e no estar aqui. É aí que voce encontra Deus, que é um processo de criação eterna que acontece já e nunca depois ou antes. ------------------ Sim meu caro...a riqueza da tradição judaica é imensa e ela se faz no agora sempre. Mais sedutor, seu paraíso não difere muito de uma biblioteca. Que voce saiba se livrar do depois e do antes e se entregue ao eterno agora.