O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA - NIETZSCHE

Puxar a longa gaveta de ferro e aspirar o cheiro das fichas velhas, cada uma com as informações e o código de cada livro. Entregar a ficha à bibliotecária e pegar então o livro, no caso um pequeno, velho e gordo livro de capa marrom, dura, onde se lia O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA. eRA 1992, e eu saía da biblioteca da FIAM, minha faculdade, rumo ao quintal da minha casa, onde debaixo do sol pálido de maio, vento frio, eu leria o texto em duas tardes. ----------------- Releio hoje, tanto tempo depois e é claro que ele não causa o mesmo efeito que causou naquele jovem, eu, dos anos 90. Nietzsche é romântico, mesmo odiando o romantismo, e sua empolgação apaixonada não me atinge como então. Um filósofo que nunca parece frio, eis sua grande diferença. Quem procurar esse calor em outros filósofos ficará perdido. Pois o alemão é dionisíaco, ou procura ser, é aqui que ele faz a distinção entre arte de Dionísio e a de Apolo. Uma sendo solar, correta, ingênua, otimista, e a outra pessimista e do transe orgiástico. Os gregos teriam se tornado cultores do belo e da harmonia apenas após viver o mundo de Dionísio, e o teatro teria sido o instrumento a fazer esse percurso. --------------- A música, a mais dionisíaca das artes, é reflexo da condição espiritual de um povo e de uma nação. -------------- Basicamente é isso, mas tudo escrito na prosa, ainda não poética, de Nietzsche. É seu primeiro e mais acessível livro.