SEBASTIAN OU PAIXÕES DOMINANTES - LAWRENCE DURRELL
Houve um tempo em que falar de coisas exotéricas não parecia coisa de adolescente entediado. Isso porque a cultura POP ainda não havia descoberto que depressão vende e que oferecer remédios espirituais para os tristes dava retorno garantido. Dar espírito a quem vive em procura de luz é coisa nobre, mas não do modo simplista e ineficiente como se faz agora. Baratearam a alma e eu penso que isso destruiu a chance de encontro real com o Sagrado. Sebastian, como toda obra de Durrell, mostra que o encontro com o mundo não aparente tem um preço, alto, e que nada é oferecido para quem não está amadurecido para o sacrifício. ----------------- Sebastian fala de gnosticismo, o amor pela morte e o horror pela vida. Tudo se passa entre Genebra, numa clínica de lunáticos, e Alexandria, cidade de culturas antigas. É o pós guerra, e todos sabem que algo foi perdido para sempre nesses anos de dor. Não há retorno ao mundo antigo, perdido para sempre e os personagens tentam se adaptar aos novos tempos. Não podem. O romance é a narrativa de fracassos. ------------------- Durrell foi muito popular nos anos 60, 70 e 80. Depois entrou em ostracismo. Escreve simples e escreve bem. Sua prosa é elegante, mesmo quando fala de assuntos pornográficos. Sexo, morte e vida espiritual são seus temas de sempre. São meus temas também. E por isso adoro o ler. --------------- Nunca se falou tanto em espírito, vida pós morte, outras dimensões, como hoje. E nunca se compreendeu isso tão mal como agora. Ler Durrell nos recorda como o tema era abordado.