MARIA CALLAS, LA TRAVIATA VERDI

Adoro barítonos e menos tenores. Com as vozes femininas tenho problemas, às vezes me irritam. Mas não Maria Callas, talvez a maior das cantoras. Sua voz é diferente. Ela flutua em registros que às vezes parecem ser de um adolescente, às vezes de uma soprano das mais agudas. Sua voz anda por todos os caminhos, todas as nuances. E sempre dentro de um controle absoluto. Ela não parece excessivamente emocionada, nunca, desse modo não me irrita como certas sopranos que dão a sensação de estar, sempre, à beira de um colapso emocional. Seja em erudito ou no POP, eu não aprecio cantores descontrolados. Posto isso, La Traviata, obra prima da primeira fase de Giuseppe Verdi, é uma das mais fáceis e populares das óperas e digo fácil não como demérito mas como a qualidade de comunicar. Orquestra, coro, vozes solo, tudo contribui para um crescer que não decpciona, que vai ao ponto, ao apogeu. Verdi é um mestre da melodia, do cantante, da doçura sem pieguice, do heroico sem fanfarra. Cada momento nesta obra é uma canção em si mesma, acabada e polida, e ao mesmo tempo, cada momento é um pedaço de um todo. Há unidade. Há drama. E há, acima de tudo, música. Na hitória da Dama das Camélias, a cortesã que morre por amor e dor, tudo é solar. Uma tragédia ao sol. ----------------- Maria Callas foi e é a mais famosa das estrelas do canto. Para quem é jovem, Callas era tão conhecida quanto Pavarotti, a diferença é que ela nunca precisou cantar POP com Bono ou que tais. Foi casada com o mega milionário Aristoteles Onassis. Era uma época, anos 60, em que milionários ainda pareciam cool. Onassis a abandonou por Jackie Kennedy, a viúva do John Kennedy. A dor de Callas foi devastadora. Morreu cedo. Menino, eu já tinha esse nome, Maria Callas, como algo tão familiar quanto Paul MacCartney ou James Bond, aqueles nomes que voce ouve muito quando é criança e depois os entende quando vira adolescente. Atriz em filmes de seu amigo Pasolini, ela nasceu para ser diva trágica. E sua vida foi espelho disso tudo. A voz, mágica, ilimitada, não espelha, graças aos deuses, toda essa tragédia. Ela a usa como instrumento musical e nunca como grito de catarse. Era uma clássica em sua arte e não uma romântica. Para o romantismo havia sua vida pessoal. --------------- Amantes de música nunca perdoaram Jackie O por destruir o coração de Callas.