UM AMERICANO EM ROMA - STENO. QUANDO UM ATOR VAI ADIANTE
Steno foi um diretor de grande bilheteria na Italia dos anos 50 e 60. Começou sua carreira dirigindo filmes em parceria com o grande Mario Monicelli, depois, quando Mario partiu para a carreira solo, manteve seu foco em comédias que faziam a crônica do boom italiano, o momento em que a velha Italia se americanizava. Neste filme, surpreendente em sua loucura, vemos Alberto Sordi, o ator mais amado pelo povão do país, como um jovem inutil que vive e sonha como fosse um americano. É fascinante ouvir a língua que Sordi fala, um misto de italiano e inglês surrupiado, o tempo todo se lamentando, cantando e procurando se impor nesse inglês cheio de italianismos absurdos. O modo como ele se move, lutando para sufocar o gestual latino e se auto impondo o modo americano de mover mãos, pernas e rosto, é coisa de ator em momento de genialidade. Sordi perde o controle de propósito, seu personagem vai além do comum, ele se perde na sua mania americana. É um filme que nos deixa muito surpresos. --------------- Interessante também observar como coisas que na época do filme causavam surpresa, por serem made in USA, portanto, alienígenas, hoje nos são totalmente naturais, cotidianas. Desse modo, Sordi se surpreende com, e passa a usar mostarda, ketchup, beber leite ( europeus não bebiam leite após a infancia ), refrigerantes, chicletes, jeans, rock, camiseta... Sordi se obriga a comer como um americano e amar tudo que eles amam. Os pais, aterrados, não sabem como lidar com tanta loucura e nós, o público, nos divertimos com os gemidos e trejeitos de Sordi. A Steno só resta deixar a câmera ligada e gravar o ator em um de seus melhores momentos.