CONSIDERAÇÕES FILOSÓFICAS DE ARAQUE SOBRE A COPA DO MUNDO DE 2022

Se tornou emblemática a imagem do goleiro da Argentina usando o troféu como um pênis. Como todo ato não pensado, ele fala muito mais do que aquilo que o goleiro imaginou. Numa copa protagonizada por times castrados, o único time viril venceu. Essa copa exemplificou a situação vexatória da civilização ocidental em 2022. Todos tentando jogar o futebol bonitinho e bem comportado da Premier League ( ninguém chegou nem perto do brilho de Manchester City ou Liverpool de 2019, mas tentaram ). Venceu o time que jogou de acordo com suas tradições nacionais: a Argentina. O time de Messi jogou um River x Boca. Mostrou cara feia sem pudor, xingou, não cumprimentou adversários, bateu no calcanhar, fez cera, pressionou o juiz, venceu. Com um falo do tamanho do Quatar, a Argentina jogou como o time de Passarela e Kempes de 1978. Um futebol de cuspe, de carrinho, de dividias sem receio de cartão, um futebol portenho. Mas não foi apenas isso. ------------------- Messi foi, facilmente, o melhor jogador. E o fato de um cara "velho" ter brilhado exibe a crise do esporte. Cito alguns nomes: Iniesta. Pirlo. Snejder. Zidane. Totti. Vieira. Toni Kroos. Schweisteiger. Kaká-Rivaldo-Ronaldinho Gaúcho. Onde o meio campo foi parar? Alex e Djalminha nunca tiveram chances por causa do excesso de camisas 10 e 8 no Brasil. Nesta copa, o péssimo técnico do Brasil obrigou nosso único craque a começar o jogo e terminar na área também. Neymar teria de fazer funções de volante, armador e finalizador. Somente Crujff fazia isso. E Neymar está longe de ser o gênio holandês. ------------------ O Brasil jogou sem meio campo. Um vazio imenso. Perdeu a chance de vencer a copa mais fácil de ser vencida da história. Marrocos, o único outro time com falo ereto, chegou às semis. Isso prova a fraqueza do torneio. Quanto a França...sem Pogbá e Kanté ela perdeu o meio campo. Griezmann teve de ser o 10. Nunca foi. Preciso ser dito que se jogasse em 2005 Mbappé seria apenas mais um. É um "pontinha driblador", algo banal em outros tempos e que hoje parece genial. O fato dele poder ser cogitado a melhor do mundo testemunha tudo que falo aqui: o esporte está banalizado. ---------------- No jogo final a Argentina partiu pra cima como o Boca dos velhos tempos. Pressão e intimidação. A tática era simples: vamos fazer eles sentirem medo. Deu certo. À França faltou talento. Um chapéu de Zidane desmoralizaria a pressão e inverteria os papéis. Faltou um passe longo de Pirlo. O domínio de bola de Iniesta. Uma linha assustadora tipo Ronaldo-Roberto Carlos- Adriano ( Deus...já tivemos esses caras! ). A pressão alucinada é vencida com a técnica fria. Esta copa não teve técnica e nem frieza. Venceu o time mais macho. E isto é um elogio. ------------------ Eu gostaria que a Argentina servisse de exemplo. Mas não como modo de jogar. Que ela lembrasse a Itália que para vencer é preciso ser Itália e não uma cópia pálida de Espanha de 2010. Lembrasse a Inglaterra que o modo inglês de jogar lhes deu uma copa. Fizesse a Alemanha voltar a valorizar o preparo físico, a velocidade, a raça, tudo aquilo que sempre foi seu caráter. E lembrasse ao Brasil que não somos espanhois ou franceses. Somos o país de meio campistas. Ou éramos. ( um adendo: a Espanha deveria esquecer o time de 2010 e voltar a acrescentar alguma fúria à receita...o time espanhol é frouxo como uma banana podre ). ------------------ O futebol evolui e aquilo que em 2012 ou 2018 parecia moderno cheira hoje a derrota. Tenho plena convicção que um time à Muricy estilo 2006, com 3 volantes e um armador, venceria essa copa facilmente. A França, ingenuamente acreditando no talento que não tem, nem mesmo designou alguém para seguir Messi. Foram vaidosos e soberbos. Foram bonzinhos. O argentino com a camisa 10, mesmo não sendo nem sombra do que já foi, brincou de jogar à vontade. Porque estava cercado por um time de Muricys. De River x Boca. E com um goleiro que não teme exibir sua masculinidade ao mundo. Como dizia Michael Jordan: finais são vencidas por homens. Meninos se encolhem.