A RAIZ DO ÓDIO
Um escriba, o que ele é?, jornalista? Filósofo? O que é um filósofo hoje? Geralmente alguém que repete a história da filosofia para quem não a conhece. Weeellll....Como eu dizia, esse escriba me ofendeu em sua coluna. Um amigo responde à ele: Somos apenas pais de família que se preocupam com o futuro de nossos filhos. Resposta simples e humilde, não é? Só faltou meu amigo dizer: Se nos cortam, sangramos, temos medos e desejos etc ( falas do judeu em MERCADOR DE VENEZA, Shakespeare ). Isso porque somos O JUDEU no mundo louco de hoje. Dez anos atrás eu lia e gostava desse escriba. Hoje ele me ataca sem motivo algum. Por que tanto ódio? Só porque eu ousei pensar diferente dele? Também isso, mas há mais, bem mais. Para tentar elucidar, falo de mim mesmo, pois eu já fui um deles. --------------------- Eu odiava meu pai. Dos 12 aos mais de 40 anos, eu tinha um ódio visceral por ele. Falar desse ódio é falar do ódio que a esquerda tem. Pois eu era um deles. Odiava meu pai e por consequência odiava a igreja, Deus, gente que tinha fé, pessoas comuns, pessoas normais, pessoas felizes. Para mim eles eram o lixo do planeta, pior que baratas. Por que eu era assim? ------------------- Eu via meu pai como uma pessoa burra, limitada, enganada e estúpida. Veja bem, ele nunca me bateu, não era violento, lia jornal todo dia, não bebia, não fumava, não tinha amantes. Por que tanto ódio? Meu irmão, minha mãe eram alvos do mesmo sentimento. Assim como qualquer pessoa que parecesse fazer parte dos normais. ( Eu me consolava pensando que normalidade não existe, o que me fazia viver em contradição, porque se normalidade não existe, por que eu odiava os normais? ). No começo, aos 12, 14 anos, eu simplesmente colocava todos no rótulo de BURGUESES e burgueses tinham de ser odiados. Por que eu nunca me perguntei, mas Sartre dizia que eles eram o inferno, então eu engolia e não questionava. Veja agora: Infeliz como eu era, voce já notou o quanto, imaginar que eu era como Sartre me consolava. Era como se ao perder meu pai, pois eu o perdera definitivamente, eu ganhasse algo mais valioso, o clube de Sartre. Minha infelicidade era compensada pela promessa de ser SUPRERIOR a meu pai e a todos os normais. EU SABIA, ELES NÃO. O que eu sabia? Que eles não sabiam. Era tudo. -------------------------- A descrição desse ódio me é bastante desagradável, mas devo ir em frente. Ver meu pai e meu irmão rindo e falando de futebol. Ver minha mãe consolada do horror da vida pela fé da igreja ( ela TINHA de entender que Deus era fake ). Nada me dava mais raiva que a alegria doce do fiel. Eles não percebiam que a vida era uma maldição sem sentido. Eu odiava isso! Colegas na escola que só pensavam em meninas e jogar bola. Eles não sofriam por causa do governo Figueiredo!!!! Meus primos, que bebiam cerveja e comiam churrasco, indiferentes aos meus livros. Odiava a burrice deles!!! Os homens no bar, jogando cartas sem pensar no iminente fim do planeta, como podiam ser tão estúpidos? Eu era uma montanha de raiva, uma tempestade de infelicidade, um vulcão impotente. -------------------- Foi necessária muita dor, muita reflexão e uma dose imensa de humildade para mudar meu mundo. Eu estava errado. E não pense que ao admitir meu erro me tornei feliz. Os erros foram feitos. Nunca recuperei meu pai, não sei o que é VIDA FAMILIAR, e quanto a fé, estou longe dela como sempre estive. A vida não é um filme. Não se volta atrás. Os erros ficam. Mas eu entendo os dois lados, o partido do ressentimento infeliz, e o partido dos "NORMAIS". Eu odiava tudo que parecesse bem resolvido, cheio de fé, alegria familiar, comodismo, não angustiado. Odiava porque não tinha, não podia ter, não "queria" ter. Vivia no ORGULHO de ser superior aos felizes. ------------------ Coloco uma questão: O que eu ganhava com esse ódio? A fuga da dor maior. A frustração insuportável do QUERER E NÃO TER. Família, fé, ajustamento, paz...Quem precisa disso? EU NÃO!!!! Mentia para mim mesmo, todo o tempo. ------------------- O ódio do qual sou vítima é o mesmo que dirigi a meu pai, à igreja, aos fiéis, aos contentes. É um ódio que grita: COMO VOCES PODEM SER ASSIM TÃO DIFERENTES DE MIM? PAREM DE SER DESSE MODO!!!!!! ------------------- Há nesse ódio o horror de se cogitar estar errado. Há nesse ódio a vaidade em perigo. Há nesse ódio o grito da impotência, aquele grito que diz: ME OUÇAM! EU SOU IMPORTANTE!!!! -------------- Pela primeira vez na história do Brasil a elite intelectual se sente mal amada. E para eles isso é pior que a morte. Saber que existe gente que não os escuta, os despreza, ri deles, é motivo de ódio sem fim. Daí as ofensas sem motivo, a violência imaginária, a transferência para nós de todo mal que eles carregam na sombra. ------------------ Somos O JUDEU.