THE CARS. AQUELA ELEGÂNCIA PERDIDA.

Deixo claro logo de cara: eu adoro The Cars. Surgido em Boston, 1978, eles foram os reis da new wave americana. E na verdade possuem a batida e a sonoridade mais típica do movimento. Sonoridade. Quem me lê sabe que aquilo que mais dou valor em música é o timbre. E o timbre em The Cars é maravilhoso. A guitarra base com seus curtos acordes rítmicos, a bateria metálica, mixada em cima, o baixo cheio de beat, o teclado, delicioso, com sua sonoridade de sci fi. E as vozes. Seja em coro ou em solo, são vozes que nunca parecem doces demais ou tolas e piegas. Produzidos por Roy Thomas Baker, o homem que produziu o Queen entre 1973-1977, The Cars é um amor que trago desde 1980. -------- A crítica destaca o album de estreia, The Cars, sucesso nas paradas e símbolo da sua época. Mas eu prefiro o segundo album, Candy O, de 1979, para mim uma obra prima do POP. Em 1980 eles lançaram seu disco de "arte", Panorama, mais uma obra prima perfeita e em 1981 voltaram a vender muito com Shake It Up!----------------- Eu falei new wave? New wave foi o resgate do rock básico do POP feito nos anos 60 com o molho tecnológico dos anos 70. Pense em Kinks tocado com teclados de Brian Eno ou Small Faces com a produção do Kraftwerk. Isso era new wave. Uma festa! Quanto a elegância citada acima, The Cars se preocupava muito com roupas e design, preocupação comum à todas as bandas do movimento. Esse cuidado visual era refletido no som, sempre trilha perfeita para salas de bom gosto e roupas de bom corte. Um amor à beleza que está ausente no rock feito pós 2000. Pena..... ------------- Ouvir The Cars hoje é saudosismo sim. Mas e daí? Se a beleza se tornou coisa demodée, então viva o saudosismo!!! Aliás, que ironia, a new wave nasceu como saudade do rock sem solos longos e cabelos ao vento que dominavam o rock de 1976. New wave queria o fim dos solos de bateria de 15 minutos. Conseguiu. ------------------- Posto dois clips deles que amo muito.