OLD IDEAS - LEONARD COHEN ( PATRICK LEONARD )
Em uma entrevista recente, Patrick Leonard diz que quando adolescente seu sonho era tocar com Jethro Tull, Genesis e Yes. Mas ele precisou pagar o leite das crianças e em 1985 foi trabalhar na produção dos discos da Madonna. Entre 85-91 foi ele quem produziu shows e discos. Ao mesmo tempo ele trabalhava nos discos de Bryan Ferry, o que para ele deve ter sido mais próximo de seus ideais. Em 2012 ele compôs e produziu, com Leonard Cohen, este discreto disco. Patrick sempre foi elegante, Leonard Cohen, velho, tem aquela voz que flutua entre um vampiro, um guru e um sedutor ancião. Este album é sublime. Goin Home, com um violino irish, é uma despedida onde ele fala com o "bastard Leonard ". Depois vem Amen, esta cheia de imagens do Velho Testamento. Show me The Place é uma entrega à paixão. Um belíssimo hino, antigo como é a fé. Sem dúvida um dos momentos mais sagrados da carreira de Cohen. Darkness é a obra prima do disco. A mais rocknroll, ela seria gravada por Keith Richards se o cérebro do stone não tivesse se tornado fumaça. Esta canção é safada, maldita, escura, uma cançãozinha simples como um beijo. Anyhow...um fim de noite, um fim de romance, um fim de copo, um fim de picada...Leonard Cohen aos mais de 70 em plena forma. Observe a beleza sublime dos vocais ao fundo. Crazy to love you é um velho homem em frente à vida, diante do amor, sobre o tempo. Come Healing, aqui Cohen fala com Deus. E nada mais preciso comentar sobre. Somente ele e Van Morrison conseguem isso. Banjo. Numa noite fria um marinheiro canta. Incrível como as referências de Leonard Cohen são antigas. Melville. Conrad. Jack London. Lullaby. Que harmônica é essa? Sublime. Uma valsa e uma canção de ninar. Differente sides. A mais pop. Poderia ter sido um hit em 1980. Mas quem liga? Um disco perfeito. Por fim: A vida é sorte e é fato que não temos controle sobre ela. Pessoas tentam acreditar que a vida pode ser dirigida, trabalhada, modificada, mas não, é tudo acaso. Leonard Cohen tem a voz perfeita para aquilo que ele deseja contar. Sorte. Posso citar uma porção de cantores que não tem voz apropriada e assim perdem a contundência que Cohen sempre tem. Ele foi abençoado. E passou a vida agradecendo por isso.