MAGIC AND LOSS, LOU REED
Difícil de ouvir. Se voce não entende inglês e ficar apenas na melodia, eis um disco lindo. As músicas, feitas no mesmo estilo de New York, o grande album de 1989, são delicadas, calmas, cheias de belos acordes de guitarra semi-acústica. Lou canta e declama ao mesmo tempo, e sua voz, em 1992, está em seu melhor momento, grave, firme, absoluta. Mas as letras....as letras... Lou fala de câncer, de hospital, de cinzas, de morte. Como ele sempre fez, toda a vida, descreve, Lou descreve sem emoção, distante, porém observador apurado. Se fala de radiação, drogas para dor, carne que se dissolve, despedidas, dor, desespero. Na época Lou perdera dois amigos e o disco é para eles. Como Lou Reed fizera antes ( Penso em The Bells, Street Hassle ) ele grava um disco que é perfeito, magnífico, belíssimo, mas ao mesmo tempo quase impossível de ouvir, por causa de sua dor, sua pornográfica descrissão da morte, sua escuridão. Um mergulho no vazio e uma busca por magia, por alívio, por algum sentido. ------------ Que Deus nos salve dessa dor e que Deus me poupe de mergulhar neste disco outra vez. Lou Reed envelheceu lindamente, mas eu me abstenho de o acompanhar. PS: Na época alguns críticos o acusaram de forçar a mão. Acharam o disco quase fake. E estranhamente, 1992 era tempo grunge, foi um dos discos que mais vendeu em toda obra de Lou Reed. Não percebi nada de forçado. O pesadelo parece real. Quanto a ter vendido bem, em se tratando de Lou Reed....bem....em 92 até o Sonic Youth vendia.