CARAVAN, IN THE LAND OF GREEN AND PINK

Hoje, primeiro dia do outono, sinto as coisas perdidas. O que nos constroi não é o que temos muito menos aquilo que desejamos, mas sim o que foi perdido. Há um momento nessa canção, quando o piano começa a ser dedilhado, que fala exatamente disso. Ganhamos a beleza desses acordes, mas ao ganhar os perdemos, pois tudo é uma perda...ou não? Os dedos se vão entre as teclas produzindo beleza superlativa e meus ouvidos e minha alma vai junto até essa Terra da Inocência. Sim, eu posso reouvir quantas vezes eu quiser, mas aquele momento...onde? Se perdeu. Caravan era uma banda de Canterbury e isso faz deles ilheus dentro de uma ilha. Da turma de Kevin Ayers, eles conjugam magia com beleza e beleza com alegria etérea. Então vou ir adiante nessa ideia ( e eu sei que este texto está como lodo ): Se tudo é perda então cabe à vida ser construção incessante, pois cada perda deve ser compensada. E quando o piano é dedilhado e aquele momento único é perdido, pois ele nunca mais será como o primeiro, então essa impressão e esse sentimento devem ser levados avante, desenvolvidos e usufruidos ao infinito. Eis então John Keats: um momento de beleza é alegria para sempre. E se ameacei cair na negação de afirmar que a vida é perda, então agora afirmo que não pode haver perda onde mora a beleza. O disco é sublime.